A CÂMARA MUDOU, E MUITO
A atual legislatura da Câmara de Vereadores de Garanhuns, conhecida como Casa Raimundo de Moraes, entrou para a história política do município por um motivo emblemático: a oposição nunca foi tão pequena. Dos 17 parlamentares, apenas três fazem parte do bloco oposicionista. Um número que revela, por si só, a robustez do governo municipal e, ao mesmo tempo, o desafio de quem tenta fazer contraponto ao poder. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta terça-feira.
OS NOMES DA RESISTÊNCIA
Os vereadores Ruber Neto (PSD), Fernando da Iza (PSD) e Thiago Paes (PL) formam a bancada oposicionista. Entre eles, destaca-se Ruber Neto, que tem assumido o protagonismo das críticas e da fiscalização ao governo. Os demais têm uma atuação mais discreta no plenário, ainda que possam estar presentes em suas bases comunitárias. O fato é que, na arena visível da política local – o plenário – o embate é praticamente solitário. Ruber Neto tem procurado levar ao pé da letra a palavra fiscalizar.
UM DOMÍNIO GOVERNISTA AVASSALADOR
Do outro lado, a base aliada do prefeito Sivaldo Albino (PSB) é ampla e sólida. São 14 vereadores com discurso afinado ao do governo municipal: Johny Albino, Luizinho Roldão, Matheus Martins, Juca Viana, Luzia da Saúde, Prof. Márcio, Fabiana Zooby, Darliane de Natalício, Nelma Carvalho, Marcos de Zaquel, Alcindo Correia, Erivan Pita, Leleu Andrade e Bruno Taveira Essa maioria esmagadora cria um ambiente quase hermético à crítica e ao contraditório.
RUBER NETO: A VOZ MAIS ESTRIDENTE
Ruber Neto não tem economizado nas palavras. Sua atuação firme e polêmica no plenário tem lhe rendido tanto aplausos quanto críticas. Na ausência de um bloco coeso, ele se tornou o principal porta-voz das inquietações contrárias à gestão municipal. Mas ser oposição em minoria absoluta não é tarefa simples. É como remar contra a maré em uma tempestade de obras, entregas e popularidade do prefeito.
EPISÓDIO DA CAÇAMBA: POLÊMICA NA RUA
A semana foi marcada por um episódio que viralizou nas redes sociais e gerou debates calorosos nas esquinas da cidade. Um vídeo mostrou um vereador dando voz de prisão e flagrante a um motorista da prefeitura e a um morador que recebia barro oriundo de uma obra. A acusação: peculato. A cena, digna de novela política, inflamou ânimos e trouxe a oposição ao centro da conversa popular – não necessariamente de forma positiva. Pois a cena tornou pública a imagem do motorista e do morador aos tribunais da internet sem direito a apelação, daí cada qual com seu julgamento.
TRADIÇÃO OU INFRAÇÃO?
O caso da caçamba levantou uma discussão recorrente em todo o Brasil: o uso de sobras de obras públicas para beneficiar populares. É prática comum em diversos municípios – e amplamente tolerada pela população. Muitos não enxergam problema em “ajudar” moradores com sobras de barro ou areia. Para boa parte do povo, o gesto tem mais de solidariedade que de ilegalidade. E nessa queda de braço entre a legalidade e o costume, o motorista e o morador receberam o apoio das ruas.
A POPULARIDADE DE SIVALDO NAS ALTURAS
O pano de fundo dessa polarização é um governo municipal em alta. Sivaldo Albino tem mantido um ritmo intenso de obras, programas e ações. Seu governo parece não conhecer freios – nem da economia, nem da política. É difícil para qualquer oposição competir com uma gestão que entrega, e que é bem avaliada. É isso que alimenta o descompasso entre a base e a crítica.
A OPOSIÇÃO ENFRENTA UM MURO POLÍTICO
Estar na oposição em Garanhuns hoje é como falar contra o vento. Há pouco espaço para eco, e quase nenhum para consenso. Os três vereadores que tentam cumprir o papel de fiscalizar o Executivo precisam de estratégia, preparo técnico e coragem para ocupar espaços e se fazer ouvir. Mas, neste cenário, faltam vozes e sobram obstáculos.
O PLENÁRIO É O ESPELHO DA SOCIEDADE?
Se, por um lado, a representatividade na Câmara mostra apoio majoritário ao governo, por outro, é legítimo se perguntar: onde estão as divergências, as críticas, as alternativas? A democracia exige mais que unanimidade. Exige pluralidade, debate e fiscalização. Uma oposição tímida ou desacreditada enfraquece a própria essência do Parlamento.
FERNANDO DA IZA E THIAGO: PRESENTES, MODERADOS OU AUSENTES?
Nos cinco primeiros meses de 2025, esses três vereadores de oposição dois não mostraram a que vieram – pelo menos no microfone do plenário. Suas comunidades talvez conheçam outra face de sua atuação, mas para a cidade como um todo, a imagem é de silêncio. E silêncio, na política, pode ser interpretado como conivência ou desinteresse. Mais a face deles por enquanto é de moderação e entendimento e não de radicalismo contra uma absoluta maioria.
OPOSIÇÃO NÃO É INIMIGA DO GOVERNO
Fazer oposição não é torcer contra. É cobrar, vigiar, propor alternativas. É ser parte do jogo democrático. E Garanhuns precisa que esses três nomes encontrem seu tom e seu espaço. Não apenas para equilibrar a política, mas para garantir que todas as vozes do povo – inclusive as dissonantes – sejam ouvidas. A verdade é que os vereadores acima estão ausentes das mídias na imprensa. Não quer dizer que eles não estejam atuando em suas comunidades. Thiago Paes sabe como ninguém como atender e satisfazer o seu eleitorado e provou na última eleição que entende do riscado e não está para brincadeira. Thiago atua forte na comunidade, sobretudo a periferia, onde mantém laços fortes com a comunidade.
DEMOCRACIA É DIVERSIDADE
Garanhuns vive um momento de hegemonia política. O governo é forte, tem apoio e entrega resultados. Mas uma democracia saudável se constrói com mais que vitórias. Ela precisa de contraponto, questionamento, equilíbrio. E cabe à oposição – ainda que pequena – erguer a bandeira da diversidade de ideias. Porque política de verdade se faz com debate. E debate exige, no mínimo, dois lados. Críticas que mostram caminhos ajudam qualquer governo. Ser oposição não é ser contra tudo e contra todos, mas sim afirmar uma posição em que acredita ser melhor e apostar nela. É isso aí. E que Garanhuns siga sempre adiante!
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