Na madrugada deste sábado (3), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) surpreendeu o meio político ao anunciar, por meio de sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter), que ingressou com uma Ação Popular com pedido de liminar na Justiça para barrar a posse de Wolney Queiroz como novo ministro da Previdência Social. A iniciativa da parlamentar ocorre poucas horas após Wolney, ex-deputado federal e quadro histórico do PDT de Pernambuco, ter sido oficialmente empossado no lugar de Carlos Lupi, que deixou o comando da pasta em meio a uma crise deflagrada pela descoberta de fraudes bilionárias no INSS. Segundo Damares, o processo tramitará na primeira instância, o que indica sua intenção de acelerar uma decisão judicial ainda nos próximos dias. Em sua petição inicial, a senadora argumenta que Wolney, ao ocupar o cargo de secretário-executivo do ministério, tinha a atribuição legal de agir contra as irregularidades que vieram à tona, mas, segundo ela, optou por se omitir. A congressista cita uma portaria do próprio ministério que descreve com precisão as responsabilidades da secretaria executiva, incluindo a de zelar pela integridade das ações da pasta. Ela sustenta que o agora ministro participou de reuniões internas onde as fraudes foram expostas e documentadas, mas não adotou nenhuma providência concreta para conter o desvio de recursos. Ainda na mesma publicação, Damares informou que também vai representar Wolney Queiroz por prevaricação, crime previsto no Código Penal para agentes públicos que deixam de praticar ato de ofício por interesse ou conveniência. A posse do pernambucano na Previdência marca uma movimentação política importante no governo Lula, que desde o início da gestão cogitava colocá-lo à frente da pasta. Wolney foi indicado formalmente pelo PDT, partido que tentava manter espaço na Esplanada mesmo após os desgastes enfrentados por Lupi, mas fontes próximas ao Palácio do Planalto confirmam que a escolha teve o aval direto do presidente, que já enxergava em Wolney um aliado mais hábil para administrar a Previdência em meio à crise. A fraude no INSS, avaliada em R\$ 6,3 bilhões, envolve aposentadorias e pensões pagas indevidamente, o que provocou desgaste não só para Lupi, mas para todo o núcleo social do governo. A substituição no ministério era dada como certa desde o avanço das investigações internas e da pressão crescente por parte do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União. Wolney Queiroz, filho do ex-deputado estadual pernambucano Wolney Queiroz e com longa trajetória no parlamento federal, assume o desafio de recuperar a credibilidade da Previdência enquanto enfrenta agora o revés judicial movido por Damares, que promete transformar o caso em uma bandeira nacional contra o que chama de "impunidade administrativa". A ofensiva jurídica da senadora amplia ainda mais as tensões entre a oposição bolsonarista e o governo, num momento em que os temas ligados à gestão da Previdência voltam ao centro do debate público. O episódio também lança uma sombra sobre a estabilidade da aliança entre o governo e setores do PDT, já fragilizada pelas sucessivas denúncias. Wolney, que tomou posse em cerimônia reservada no Palácio do Planalto, preferiu não comentar diretamente as acusações de Damares, mas interlocutores próximos ao novo ministro classificam a ação da senadora como um ato de politização do caso, num momento delicado para o governo federal.
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