A atuação de Musk no DOGE, embora nunca formalizada por meio de um cargo tradicional, era parte de uma estratégia da Casa Branca para atrair nomes da iniciativa privada capazes de aplicar conceitos de gestão empresarial à administração pública. Musk, conhecido por seu perfil disruptivo à frente de empresas como Tesla, SpaceX e Neuralink, vinha sendo consultado por Trump desde o primeiro mandato, embora a relação entre ambos tenha oscilado entre proximidade e distanciamento ao longo dos anos. No segundo ciclo do magnata republicano à frente da presidência, o bilionário aceitou integrar o grupo com o compromisso de contribuir, por tempo limitado, na revisão de contratos, auditorias internas e recomendações para agilizar processos burocráticos.
Em sua publicação, Musk não detalhou os motivos de sua saída, mas sugeriu que o desligamento já estava previsto desde o início de sua colaboração. Afirmou ainda que a missão do DOGE não termina com sua partida, indicando que o espírito do departamento deverá se espalhar como um "modo de vida em todo o governo", sugerindo uma transformação cultural mais ampla e duradoura. O bilionário vinha sendo uma das vozes mais influentes no debate sobre a eficiência do gasto público e chegou a criticar, em ocasiões anteriores, o que considera um excesso de regulamentações e desperdício orçamentário nos Estados Unidos.
Fontes próximas ao governo Trump indicam que a saída de Musk já era esperada, especialmente após declarações recentes do empresário de que pretendia focar com mais intensidade na expansão de suas empresas — algumas das quais enfrentam desafios complexos em 2025, como o avanço da inteligência artificial, a corrida espacial privada e a produção em larga escala de veículos elétricos. A Tesla, por exemplo, atravessa um momento de transição com a implantação de novas tecnologias de direção autônoma e a abertura de fábricas em países estratégicos. Já a SpaceX intensifica seus esforços para consolidar o projeto Starship e avançar nas parcerias com a NASA e outras agências internacionais.
O nome de Musk no cenário político sempre despertou controvérsia. Apesar de sua presença constante em pautas que envolvem inovação, liberdade de expressão e segurança nacional, ele evitava se classificar dentro de um espectro ideológico fixo. A aliança com Trump, portanto, foi vista por analistas como uma relação pragmática, mais voltada à convergência de interesses na área de gestão e eficiência do que à afinidade política plena. Ainda assim, o empresário frequentemente demonstrou alinhamento com pautas defendidas pela ala mais liberal do mercado e já declarou, em eventos empresariais, que os governos devem agir como facilitadores e não como protagonistas da inovação.
O Departamento de Eficiência Governamental, criado em 2023 no retorno de Trump ao poder, tornou-se uma espécie de laboratório de ideias para enxugar despesas, reavaliar agências federais e propor reestruturações administrativas. Com a saída de Musk, o DOGE perde sua figura mais midiática, mas fontes do governo indicam que outros nomes do setor privado serão chamados para dar continuidade ao projeto. Enquanto isso, Musk retoma sua agenda empresarial em tempo integral, com foco especial na integração entre inteligência artificial e neurotecnologia por meio da Neuralink, além de novas iniciativas relacionadas à colonização de Marte.
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