terça-feira, 27 de maio de 2025

EX DIRETOR DA PRF CONFIRMA PLANO DE BLITZ DE ÔNIBUS NO NORDESTE NA ELEIÇÃO, MAS NEGA VIÉS POLÍTICO

Ex-diretor da PRF confirma plano de blitz dos ônibus do Nordeste na eleição, mas nega viés político
O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, confirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a corporação fez blitzes na Região Nordeste para fiscalizar ônibus com eleitores, no domingo do segundo turno da eleição presidencial de 2022, mas negou que a operação tivesse viés político.

Moura prestou depoimento como testemunha de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, nesta terça-feira (27), na ação penal sobre a trama golpista durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Quando questionado pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, o ex-diretor de Operações da PRF confirmou que o órgão intensificou a fiscalização do transporte de eleitores no fim de semana do segundo turno da eleição presidencial, em outubro de 2022. 

Na noite anterior ao domingo de votação, entretanto, o próprio Moraes, que era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época, determinou a interrupção na fiscalização do transporte de eleitores, após notícias de que haveria atuação política da PRF nas blitze, com a retenção de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, adversário de Bolsonaro, postulante à reeleição. 

As blitze aos ônibus de eleitores, contudo, continuaram, em especial na região Nordeste. Questionado por Moraes porque descumpriu a ordem judicial, o ex-diretor de Operações da PRF disse que o entendimento da corporação foi de que a fiscalização do transporte deveria ser interrompida, mas que as fiscalizações relativas a violações do Código de Trânsito Brasileiro poderiam continuar. 

“Essa operação estava programada e planejada bem antes da decisão de Vossa Excelência”, respondeu Moura ao ministro. Ele disse que a fiscalização tinha o objetivo de cumprir decisão do STF para garantir o transporte regular de eleitores.

O ex-diretor de Operações da PRF confirmou ainda que, em julho de 2022, meses antes do pleito, o Ministério da Justiça determinou “a realização de uma operação antes da eleição dos ônibus que estivessem saindo de São Paulo e da região Centro-Oeste com destino ao Nordeste com possíveis votantes e recursos financeiros, e que já estariam em investigação da PF [Polícia Federal]”. 

Durante depoimento, afirmou também que as fiscalizações não duravam mais de 15 minutos. Moura, contudo, disse que esse tipo de fiscalização é “comum” antes de qualquer eleição e que não havia viés político. “Não foi evidenciado nenhum transporte irregular de eleitores”, afirmou.

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