O horário de verão, que vigorou por cerca de 90 anos em diversas regiões do país, tinha como objetivo justamente reduzir o consumo energético nos momentos de maior demanda, aproveitando ao máximo a luminosidade natural no final do dia. Sua suspensão, em 2019, foi anunciada pelo governo de Jair Bolsonaro, sob o argumento de que os hábitos da população e o perfil do consumo haviam mudado, reduzindo o impacto da mudança de horário. No entanto, com a atual conjuntura energética, o cenário se reconfigura e pressiona as autoridades a reavaliar a política. O alerta se intensifica diante da seca que afeta parte expressiva do território nacional, comprometendo o volume dos reservatórios e exigindo mais das fontes térmicas, que são mais caras e poluentes.
A recomendação de Márcio Rea, embora ainda em fase inicial de debate, levou o Ministério de Minas e Energia a considerar seriamente o retorno da medida já para 2025, como forma preventiva de equilíbrio do sistema. Segundo técnicos do ONS, além da redução no uso de energia nos horários críticos, a retomada do horário de verão também pode representar um alívio para o controle da frequência da rede, diminuindo a pressão sobre as linhas de transmissão em momentos de estresse do sistema. Há, ainda, uma preocupação extra: o crescente uso de aparelhos de ar-condicionado em centros urbanos, cujos efeitos sobre a demanda elétrica são notáveis durante o início da noite, quando a sensação térmica se mantém elevada e coincide com a queda na geração solar.
A medida, se adotada, deverá seguir os moldes anteriores, com início em outubro e término em fevereiro, e deverá valer para os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que apresentam maior consumo e mais diferenças de luminosidade ao longo do ano. A ideia, segundo fontes do setor, é fazer um monitoramento mais rigoroso do comportamento do sistema até o final de 2024 para embasar tecnicamente a decisão. Especialistas em energia, embora divididos, reconhecem que o retorno do horário de verão pode ser uma resposta imediata e de baixo custo aos desafios energéticos do país, especialmente em um momento em que as mudanças climáticas afetam diretamente a previsibilidade das chuvas e a estabilidade dos reservatórios.
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