sábado, 3 de maio de 2025

JUSTIÇA AUTORIZA GRUPO DE POLÍTICOS RÉUS POR CORRUPÇÃO VOLTAR A EXERCER SEUS CARGOS EM PESQUEIRA


A cidade de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, amanhece neste sábado (3) tomada por um sentimento de indignação e revolta após a decisão da Justiça que autorizou o retorno do prefeito Cacique Marcos Xukuru (Republicanos) e dos vereadores Sil Xukuru (PT) e Pastinha Xukuru (PP) aos seus cargos. Os três são réus por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, acusados de liderar um esquema que teria desviado mais de R\$ 15,7 milhões dos cofres municipais. A autorização judicial acontece mesmo diante das denúncias graves e dos fortes indícios apresentados pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que apontam o prefeito como chefe de um grupo responsável por fraudar licitações e beneficiar aliados financeiros em troca de apoio político nas eleições de 2020. O caso, que veio à tona com a Operação Pactum Amicis, da Polícia Civil, abalou a confiança da população na classe política local, mas os acusados agora reassumem seus cargos como se nada tivesse ocorrido.

Segundo a investigação, além do prejuízo milionário à cidade, Cacique Marcos teria recebido pagamentos indevidos que somam R\$ 77 mil em depósitos bancários e até uma caminhonete Hilux, entregue por empresários supostamente favorecidos pelo esquema. Os crimes teriam ocorrido entre janeiro de 2021 e setembro de 2022, período em que as finanças do município afundavam enquanto a gestão era beneficiada por acordos espúrios. Ainda que a denúncia do MPPE tenha sido aceita pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco no dia 25 de abril, o juiz responsável não prorrogou a suspensão dos envolvidos, abrindo caminho para que eles voltassem a comandar os rumos políticos e administrativos de Pesqueira. Em uma tentativa de evitar esse retorno, o Ministério Público entrou com embargos de declaração, solicitando a continuidade do afastamento, mas o recurso sequer foi analisado até o fim do prazo da medida cautelar, que se esgotou nesta sexta-feira (2).

Diante do impasse jurídico e da lentidão no julgamento, os réus conseguiram uma decisão provisória que lhes garantiu a volta aos cargos. A defesa do prefeito alega que as acusações são infundadas e fruto de perseguição política, garantindo que ele jamais praticou atos ilícitos. Os vereadores, por sua vez, também proclamam inocência e tiveram aceito o pedido para apresentar contrarrazões antes que qualquer medida mais dura fosse determinada. No entanto, para a população pesqueirense, a sensação é de que a justiça se encontra de olhos fechados diante de provas já consolidadas, e que mais uma vez agentes políticos, já formalmente denunciados, seguem impunes e com poder para manipular as decisões que afetam o dia a dia da cidade.

Neste domingo, a insatisfação promete sair das redes sociais e rodas de conversa para ocupar as ruas em uma grande manifestação. Moradores organizam um protesto pacífico, vestidos de branco, em sinal de luto pela cidade e pela impunidade que assombra Pesqueira há anos. O ato pede mais celeridade da Justiça, mais rigor nas investigações e uma resposta concreta para tantos casos que, segundo os organizadores, já foram provados e comprovados, mas permanecem sem punição efetiva. Para muitos, o retorno do prefeito e dos vereadores representa não apenas um retrocesso, mas a confirmação de que a corrupção, mesmo quando escancarada, continua tendo salvo-conduto nos bastidores do poder local. A revolta cresce porque, enquanto as denúncias se acumulam e as provas se avolumam, os mesmos políticos voltam ao comando, decidindo o destino de um município que se sente traído e abandonado pela própria Justiça. A ferida aberta com a Operação Pactum Amicis parece longe de cicatrizar, e o clima em Pesqueira é de um povo cansado de ser espectador da própria desilusão. É isso! 

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