O cenário político de Pernambuco para 2026 começa a ganhar contornos mais definidos com a recente declaração do deputado federal Lula da Fonte (PP), que reforçou publicamente o compromisso seu e de seu pai, Eduardo da Fonte, com a reeleição da governadora Raquel Lyra (PSD). A fala do parlamentar veio em tom firme, ao afirmar que ambos irão defender “com unhas e dentes” que a federação União Progressista — formada pelo PP e pelo União Brasil — esteja ao lado de Raquel na disputa estadual que se avizinha. A sinalização do deputado surge num momento em que as movimentações do prefeito do Recife, João Campos (PSB), apontam para sua intenção de construir uma candidatura robusta ao Palácio do Campo das Princesas. Nos últimos dias, João publicou uma foto estratégica ao lado de Antonio Rueda, presidente nacional do União Brasil, e do deputado federal Fernando Filho, que é um dos expoentes da sigla em Pernambuco. A imagem, compartilhada nas redes sociais, serviu como termômetro das tratativas que começam a ser costuradas nos bastidores para a sucessão estadual.
No entanto, a consolidação da federação União Progressista sob o comando de Eduardo da Fonte tornou o caminho de João Campos mais estreito. O parlamentar, que comanda a federação no estado, é aliado de primeira hora de Raquel Lyra e já deixou claro que pretende alavancar seu próprio projeto político rumo ao Senado Federal em 2026. Essa ambição pessoal de Eduardo da Fonte torna ainda mais complexa qualquer tentativa de João Campos de atrair o apoio da federação, já que a participação na chapa majoritária será condição inegociável. Os Da Fonte querem mais do que simplesmente apoiar Raquel Lyra: desejam assegurar que a federação ocupe uma posição de destaque na composição eleitoral, seja indicando o candidato ao Senado ou, eventualmente, a vice-governadoria. É uma equação que passa pelo tabuleiro nacional e se reflete diretamente no xadrez pernambucano.
Enquanto Lula da Fonte fecha questão em torno do apoio à atual governadora, João Campos intensifica suas articulações, tentando se movimentar num terreno onde as alianças são cada vez mais voláteis. A reunião com Antonio Rueda e Fernando Filho expôs que o prefeito do Recife ainda aposta na possibilidade de reverter a correlação de forças dentro do União Brasil e, por consequência, influenciar a federação. Porém, os obstáculos são grandes. A fusão entre PP e União Brasil sob o guarda-chuva da União Progressista acabou por consolidar o domínio do grupo de Eduardo da Fonte, deixando pouco espaço para que outras lideranças estaduais consigam mudar o rumo das negociações sem aval do comando federal e estadual.
Além disso, a própria Raquel Lyra tem demonstrado habilidade política ao manter próximo de si aliados que podem garantir a sustentação de sua candidatura à reeleição. A governadora sabe que a federação União Progressista será peça-chave na montagem da chapa e, por isso, já sinalizou disposição para acomodar os interesses do grupo, especialmente no tocante à candidatura de Eduardo da Fonte ao Senado. Essa sintonia entre Raquel e os Da Fonte dificulta ainda mais a tarefa de João Campos, que observa a construção de um bloco político que pode se contrapor diretamente à sua pretensão de disputar o governo. Em meio a esse embate silencioso, o compromisso público reafirmado por Lula da Fonte funciona como um recado aos atores políticos: qualquer negociação que envolva a União Progressista passará necessariamente pela chancela do seu núcleo de comando, que já escolheu seu lado na disputa que começa a se desenhar em Pernambuco.
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