A proposta de pena apresentada por Alexandre de Moraes — 10 anos de reclusão em regime fechado, perda do mandato e multa — deve se tornar realidade, encerrando de forma melancólica a trajetória de uma das mais aguerridas defensoras do bolsonarismo. A acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Zambelli liderou a ação criminosa ao lado do hacker Walter Delgatti, que também teve sua condenação referendada pelos votos até agora. Os dois teriam forjado um mandado de prisão contra Moraes, ato classificado pelo relator como uma afronta vil à Justiça e um atentado à confiança da sociedade nas instituições.
A figura de Carla Zambelli, que já esteve no centro das atenções ao protagonizar cenas polêmicas, como a em que foi flagrada armada perseguindo um homem nas ruas de São Paulo na véspera do segundo turno da eleição de 2022, agora se vê isolada. Aquele episódio, que Bolsonaro apontou como fator crucial para sua derrota, marcou o início do distanciamento entre a deputada e o ex-presidente. Desde então, Zambelli passou a ser evitada pelo líder máximo do movimento que ajudou a alimentar, sendo descartada sem cerimônia quando mais precisava de apoio político e pessoal.
O silêncio de Jair Bolsonaro diante da crise de sua ex-aliada contrasta com a lealdade cega que Zambelli demonstrou ao longo dos últimos anos. Ela, que nunca hesitou em defender as teses mais radicais do bolsonarismo e atacar adversários em nome do projeto político que escolheu seguir, agora experimenta o peso do abandono. Em entrevistas recentes, Zambelli chegou a confessar a tristeza ao ouvir de Bolsonaro que ela teria contribuído para sua derrota eleitoral, descrevendo como um fardo pesado a acusação velada que recebeu do ex-presidente.
O julgamento no STF expõe com crueza a dinâmica que tem se repetido no entorno de Bolsonaro: aliados que, ao enfrentarem investigações ou punições, são deixados à margem, sem respaldo do líder que antes celebrava sua fidelidade. Os movimentos de anistia defendidos por setores do bolsonarismo são vistos por muitos como medidas pensadas mais para proteger o próprio Bolsonaro e seu círculo familiar do que para resgatar figuras como Zambelli. A parlamentar, que por anos foi a face mais visível do bolsonarismo feminino e símbolo de sua ala mais combativa, agora paga o preço elevado por uma escolha política que, na hora da queda, revelou-se solitária.
Sem respaldo de Bolsonaro, sem espaço para se escorar no Congresso e agora condenada pela mais alta corte do país, Zambelli assiste ao desmoronamento completo de sua carreira pública. Sua trajetória, que começou como uma ativista empunhando bandeiras contra a esquerda e terminou com acusações criminais pesando sobre sua cabeça, serve como um retrato do custo extremo que a fidelidade ao bolsonarismo pode cobrar. A maioria já está formada no STF, e com ela se aproxima o fim de uma era para Zambelli, que agora enfrenta não apenas o peso da condenação judicial, mas o desprezo silencioso de quem um dia jurou defender. É isso ai!
Nenhum comentário:
Postar um comentário