sexta-feira, 9 de maio de 2025

MAIS LAMENTO E MAIS PERCA PARA O PSDB

O PSDB vive mais um capítulo de desgaste com a saída do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que oficializou nesta quinta-feira (9) sua filiação ao PSD, em ato na sede nacional da legenda, em São Paulo. A movimentação de Leite, que já vinha sendo sinalizada nos bastidores desde o início do ano, foi recebida com pesar e certo tom de crítica pela cúpula tucana, que em nota lamentou a decisão e relembrou que o próprio governador gaúcho havia votado favoravelmente à polêmica fusão entre o PSDB e o Podemos, aprovada em convenção recente. Nos corredores da política, a saída de Leite é vista não apenas como um revés pessoal para a sigla, mas como mais um sintoma da crise que assola o partido, que há anos enfrenta uma sangria de quadros importantes, perdendo musculatura nas principais regiões do país. O evento em que Leite oficializou a nova filiação contou com a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que celebrou a chegada do governador como reforço para os projetos nacionais e para a consolidação do partido no Sul. Para os tucanos, no entanto, a perda é mais uma ferida aberta, numa trajetória que já viu nomes como o ex-governador João Doria, o ex-senador Tasso Jereissati e outras lideranças deixarem o ninho. A menção direta, na nota do PSDB, à incoerência de Leite ao apoiar a fusão e logo depois abandonar a legenda, acentua o tom de desconforto interno e expõe a fragilidade da atual direção partidária em manter coesão entre seus filiados. A debandada também reflete um cenário mais amplo de reacomodação das forças políticas de centro-direita, num momento em que siglas médias como o PSD buscam atrair quadros com mandato e visibilidade. Eduardo Leite, por sua vez, aposta que a nova casa oferecerá melhores condições para seus projetos futuros, inclusive em âmbito nacional, onde já foi cotado em eleições anteriores. A cerimônia em São Paulo marcou ainda um gesto simbólico, com Kassab destacando que o PSD não impõe amarras ideológicas rígidas, o que tem atraído gestores públicos que buscam mais autonomia política. No caso do PSDB, a crise se aprofunda com essa nova baixa, e já se fala na necessidade urgente de redefinir seu papel no cenário nacional, onde outrora era protagonista. O tom quase diário de lamento com as perdas recentes revela o desafio de reconstrução que a legenda enfrenta, em meio à competição acirrada por espaço entre as forças do centro. A saída de Leite é particularmente sentida porque o governador era visto como uma das poucas apostas de renovação e liderança regional que ainda restavam ao partido. Mesmo aliados próximos do tucano admitem que a saída foi acelerada pela dificuldade em encontrar respaldo interno para seus projetos e pelo enfraquecimento da sigla no Sul. No PSD, Leite deverá ser tratado como potencial protagonista, tanto na política gaúcha quanto em discussões nacionais, num movimento que reconfigura o tabuleiro da oposição moderada ao governo federal. Enquanto isso, no PSDB, o desafio é estancar a sangria e convencer o eleitorado e os quadros restantes de que o partido ainda tem relevância no jogo político que se desenha para os próximos anos.

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