O clima em torno do ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, azedou de forma acelerada e promete novos capítulos turbulentos. Desde que o caruaruense foi alçado à Esplanada dos Ministérios pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não há trégua no noticiário que o envolve, sempre marcado por desgaste e polêmicas. Nesta semana, dois episódios em particular expuseram ainda mais a fragilidade política que marca o início de sua gestão. O PDT, partido ao qual Wolney é filiado há anos, oficializou seu afastamento do Governo Lula, criando um vácuo de sustentação política em torno do ministro. Um dos deputados pedetistas, sem esconder o desconforto, deixou vazar que a nomeação de Wolney não representa mais a legenda na composição do Executivo, rompendo o elo que poderia dar lastro a sua permanência. Na prática, a presença do ministro no comando da Previdência Social passa agora a ser sustentada unicamente pela cota pessoal do presidente Lula, que o escolheu num movimento de prestígio individual, mas sem qualquer compromisso formal do PDT em retribuir com apoio nas votações da Câmara dos Deputados.
A situação se tornou ainda mais constrangedora com a manifestação do ex-candidato à presidência e maior liderança nacional do PDT, Ciro Gomes, que não economizou palavras ao classificar a ida de Wolney para a Esplanada como um ato "vergonhoso". A declaração pública de Ciro expôs de maneira direta a cisão interna no partido e jogou mais lenha na fogueira que consome o início do mandato de Queiroz no ministério. Para além do campo político, Wolney passou a enfrentar também a pressão institucional. Ontem, a Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado Federal aprovou um convite formal para que o ministro preste esclarecimentos sobre a fraude bilionária que atingiu o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O escândalo, que provocou enormes prejuízos a aposentados e pensionistas, arrasta a Previdência para o centro de uma crise de confiança e exige respostas do titular da pasta.
Esse convite aprovado no Senado impõe a Wolney uma exposição pública num momento em que seu respaldo político está fragilizado. Sem o amparo do PDT e sob ataque de figuras de peso da legenda, como Ciro Gomes, o ministro terá que se explicar diante dos senadores enquanto enfrenta o risco de ver sua permanência no cargo questionada dentro do próprio Planalto. O enfraquecimento do PDT na base do Governo abre espaço para especulações sobre possíveis mudanças na equipe ministerial, especialmente se a falta de alinhamento se refletir em derrotas no Congresso Nacional. Wolney Queiroz, que até poucos meses era nome forte no interior de Pernambuco, vê-se agora imerso num cenário de isolamento político e sob o peso de uma crise institucional que promete testar sua capacidade de resistência nos bastidores de Brasília.
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