Uma operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira mirou a desarticulação de um sofisticado esquema de fraude contra o sistema de benefícios assistenciais do governo federal. A ação, fruto de uma investigação que começou há quase um ano, revelou a atuação de uma quadrilha especializada na criação de identidades falsas para o recebimento indevido de recursos públicos, com ramificações em diversos estados do Nordeste. Com artifícios engenhosos, os criminosos montavam personagens fictícios e utilizavam pessoas reais, principalmente idosos, para dar verossimilhança às fraudes — os chamados “idosos de aluguel”, recrutados para se passarem por beneficiários durante os saques em agências bancárias.
O núcleo da investigação foi estabelecido a partir da prisão em flagrante de dois suspeitos na cidade de Mamanguape, no Litoral Norte da Paraíba, em junho de 2023. Na ocasião, os detidos tentavam sacar um benefício previdenciário utilizando documentos de uma pessoa inexistente. A prisão foi o ponto de partida para a descoberta de um esquema mais amplo, cujos detalhes foram sendo desvendados a partir da análise de celulares, documentos e outros materiais apreendidos com a dupla. A Polícia Federal, em cooperação com o Núcleo de Inteligência Previdenciária e Trabalhista do Ministério da Previdência Social, mapeou a estrutura da organização criminosa, identificando ligações entre os integrantes e as rotas utilizadas para espalhar as ações fraudulentas por diferentes municípios da região.
A nova etapa da operação cumpriu mandados de busca e apreensão expedidos pela 16ª Vara Federal da Paraíba. Os alvos desta fase estavam localizados nas cidades de Tupanatinga, em Pernambuco, e Mata Grande, no estado de Alagoas. Os mandados tinham como objetivo aprofundar as linhas de investigação, coletar novas provas e identificar eventuais comparsas ainda não relacionados formalmente ao inquérito. Segundo a PF, a quadrilha se valia de brechas nos sistemas de controle para inserir informações falsas e legitimar a liberação de valores que deveriam ser destinados a cidadãos em situação de vulnerabilidade.
Os envolvidos poderão responder por diversos crimes, entre eles estelionato majorado — por se tratar de fraude contra entidade pública —, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e associação criminosa. A soma das penas pode ultrapassar os 15 anos de prisão. As autoridades trabalham agora na ampliação do escopo da investigação, na tentativa de localizar novos beneficiários falsos e rastrear o fluxo do dinheiro obtido com os golpes. A PF não descarta a possibilidade de que o grupo tenha agido em conluio com servidores públicos e que novos mandados sejam expedidos nos próximos dias.
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