O desabamento parcial do Edifício Kátia Melo, localizado no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, marcou a manhã desta terça-feira (6) com cenas de tensão e medo entre os moradores da região. A tragédia anunciada ocorreu dois dias após a Defesa Civil interditar o imóvel, considerado de alto risco estrutural. Por volta das 10h51, a estrutura do prédio, composto por quatro pavimentos — térreo e três andares — veio abaixo, deixando um amontoado de escombros no terreno que, até poucos dias antes, abrigava dezenas de famílias. O residencial, erguido no modelo conhecido como "caixão", sem pilares ou vigas de sustentação, já apresentava indícios claros de comprometimento estrutural, segundo laudos técnicos: fissuras extensas, piso afundando e sinais de movimentação nas paredes. Apesar da interdição no domingo (4) e da desocupação feita às pressas, o clima no entorno era de apreensão até que a tragédia se concretizou. Testemunhas relatam o barulho ensurdecedor no momento da queda, seguido de uma nuvem espessa de poeira que encobriu a rua Joaquim Marquês de Jesus. A artesã Rosa Alcântara, que mora em frente ao prédio, contou que o estrondo parecia uma batida violenta de caminhão, mas logo percebeu que se tratava do colapso do edifício. Equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Samu chegaram rapidamente ao local para realizar buscas, com cães farejadores, a fim de garantir que nenhuma pessoa estivesse sob os escombros, já que havia a suspeita de que alguém poderia ter entrado na área isolada. O secretário de Defesa Civil do município, coronel Elton Moura, explicou que, após a interdição oficial, a responsabilidade pela segurança do perímetro passou a ser da administração do condomínio, mas admitiu a possibilidade de invasão. Entre os ex-moradores, o relato de Alneide, que vivia no segundo andar, revela a progressão acelerada do problema: portas emperradas, grades que deixaram de fechar e pisos que cederam em poucos dias. Ela chegou a chamar um serralheiro, que alertou sobre o risco iminente. A concessionária Neoenergia também foi acionada e providenciou o corte da energia elétrica para prevenir acidentes maiores na área afetada. O drama vivido pelos antigos moradores do Edifício Kátia Melo, agora sem lar e assistindo à destruição do que antes chamavam de casa, expõe não só a fragilidade da estrutura física, mas também as marcas emocionais deixadas pelo episódio. As imagens exibidas pela TV Globo mostraram a dimensão da destruição e a gravidade do caso que, felizmente, até agora não teve vítimas confirmadas, mas deixou um rastro de medo e incerteza em Jaboatão.
G1
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