domingo, 11 de maio de 2025

RECIFE SE TORNA PALCO DA CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE ADAPTAÇÃO COMUNITÁRIA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O Recife se transforma nesta segunda-feira, 12 de maio, no epicentro das discussões globais sobre as respostas locais às mudanças climáticas. Pernambuco abre suas portas para a 19ª Conferência Internacional sobre Adaptação Comunitária às Mudanças Climáticas (CBA19), evento de grande relevância no calendário ambiental mundial, que vai movimentar o estado pelos próximos cinco dias. A iniciativa, promovida pelo International Institute for Environment and Development (IIED), traz à capital pernambucana cerca de 450 participantes vindos de 56 países distribuídos pelos cinco continentes, numa verdadeira reunião de saberes e práticas que já vem sendo aplicadas em comunidades vulneráveis mundo afora. O palco da abertura será o emblemático Cais do Sertão, espaço cultural cravado na Avenida Alfredo Lisboa, no coração do Bairro do Recife, onde a tradição nordestina se encontra agora com o debate sobre o futuro do planeta.

Na cerimônia de abertura, quem assume a representação do Governo de Pernambuco é a vice-governadora Priscila Krause, escolhida para marcar a presença da gestão estadual que tem apostado na pauta climática como uma de suas prioridades. A governadora Raquel Lyra, embora não compareça, enviou seu respaldo institucional ao evento que servirá como uma espécie de laboratório vivo para a construção das diretrizes que o Brasil levará à 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP30), prevista para novembro, em Belém do Pará. A escolha de Pernambuco como sede não foi aleatória: o estado vem desenvolvendo iniciativas próprias de adaptação climática, especialmente em áreas urbanas suscetíveis a enchentes e nas zonas semiáridas que enfrentam os efeitos prolongados da seca.

Durante os encontros que seguirão ao longo da semana, o foco estará voltado para a chamada adaptação liderada localmente, conceito que reconhece a importância das soluções gestadas dentro das próprias comunidades atingidas. Os participantes irão compartilhar experiências que vão desde tecnologias simples de manejo da água em regiões rurais até programas urbanos de redução de riscos de desastres. A programação intensa prevê debates, painéis interativos e visitas técnicas a projetos ambientais executados em solo pernambucano, que servirão como vitrine do potencial do Nordeste brasileiro nesse processo global.

Além do caráter técnico, a conferência assume uma dimensão política estratégica, especialmente porque acontece meses antes da COP30, que será a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia. O encontro no Recife é visto pelos organizadores como uma etapa preparatória crucial, onde lideranças comunitárias, cientistas, formuladores de políticas públicas e representantes de organismos internacionais alinham suas agendas e definem prioridades para a próxima grande rodada de negociações climáticas. A presença maciça de representantes africanos, asiáticos e latino-americanos também reforça a pluralidade de vozes que devem ecoar com mais força na COP30.

Ao sediar um evento desse porte, Pernambuco se posiciona não apenas como anfitrião, mas como ator relevante no debate ambiental que avança sobre a geopolítica global. Com o cais modernista do Sertão servindo de cenário, a conferência promete transformar a capital pernambucana numa espécie de fórum aberto onde se cruzam tradições culturais e as urgências ambientais do século XXI. A expectativa é que as discussões travadas no Recife ajudem a dar forma a novos pactos climáticos mais sensíveis às realidades locais e que coloquem as populações mais afetadas no centro das decisões globais.

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