sábado, 24 de maio de 2025

REELEIÇÃO DE RAUL HENRY FOI BEM MAIS QUE UM BATE-CHAPA PARTIDÁRIO

A recondução de Raul Henry à presidência do MDB de Pernambuco, em eleição realizada neste sábado (24), representa um capítulo relevante na reconfiguração silenciosa, porém eficaz, do poder político no estado. O resultado da disputa interna, com 65 votos contra 49 do seu adversário Jarbas Vasconcelos Filho, não foi apenas a vitória de um dirigente experiente, mas o reflexo da força de articulação que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), vem consolidando nos bastidores da política pernambucana. Henry, embora historicamente ligado ao grupo de Jarbas Vasconcelos, tem caminhado nos últimos anos em direção a uma sintonia cada vez mais afinada com os projetos socialistas liderados por João. Essa guinada, gradual mas constante, culmina agora em um MDB mais próximo do PSB e mais distante das raízes que o conectavam à ala tradicional da sigla.

Desde que assumiu a Prefeitura do Recife, João Campos tem investido com intensidade em montar uma frente ampla, que extrapola as fronteiras do seu partido e avança sobre siglas de peso histórico e capilaridade regional. Nesse cenário, o MDB desponta como peça indispensável. A legenda possui bases no interior, quadros com experiência de gestão e interlocução em Brasília, elementos essenciais para um projeto que visa estabilidade local e protagonismo nacional. O apoio do PT já é considerado dado, consolidando a aliança que sustentou sua eleição em 2020, e as negociações com União Brasil, PP e outras legendas caminham em ritmo discreto, mas constante. A permanência de Henry, portanto, representa uma engrenagem ajustada nesse motor político que João Campos tenta impulsionar para além de 2026.

A tentativa de Jarbas Filho de retomar o comando do MDB significava muito mais do que uma disputa de cargos. Carregava consigo o simbolismo de resistência da velha guarda em tempos de transição geracional. Com o aval direto do ex-governador Jarbas Vasconcelos, seu pai, Jarbas Filho tentou reposicionar o MDB ao lado da governadora Raquel Lyra (PSD), em um movimento que buscava contrabalançar o avanço do PSB sobre o centro político do estado. Contudo, os votos não acompanharam esse apelo à tradição. Em vez disso, mostraram a solidez de uma liderança construída por Raul Henry ao longo de uma década, combinada com a força silenciosa da articulação de João Campos, que tem sabido operar com precisão nos bastidores.

O resultado da eleição interna no MDB também lança luz sobre o novo perfil do partido no cenário local. Já não se trata mais apenas de uma legenda ocupada em manter seus espaços tradicionais, mas de uma ferramenta estratégica que serve a um projeto mais amplo, comandado por uma nova geração de líderes. A manutenção de Henry na presidência deixa claro que o MDB está disposto a se reposicionar, inclusive revendo suas alianças históricas, para garantir protagonismo no futuro próximo. Ao atrair quadros relevantes e manter pontes com o centro e a esquerda, a sigla reforça sua utilidade dentro da engenharia política de João Campos, que começa a delinear o caminho para 2026 com movimentos precisos e antecipados.

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