Em meio às celebrações do Dia do Trabalho, em Belo Horizonte, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), elevou o tom contra o governo federal e cobrou publicamente a demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Em discurso direcionado a uma plateia formada por trabalhadores e apoiadores, Zema criticou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por manter Lupi no cargo mesmo após as revelações da Polícia Federal sobre um esquema bilionário que teria lesado aposentados e pensionistas do INSS. As investigações apontam que o esquema criminoso desviou cerca de R\$ 6,5 bilhões por meio de cobranças indevidas aplicadas sobre benefícios previdenciários, atingindo milhares de cidadãos em situação de vulnerabilidade. No centro da operação está o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi indiciado pelas autoridades federais e apontado como peça-chave no funcionamento da rede de fraudes. O ministro Lupi, que havia nomeado Stefanutto para comandar o órgão, foi diretamente responsabilizado por Zema, que classificou como inaceitável a permanência do ministro após a gravidade dos fatos revelados. A fala do governador, que é uma das principais lideranças do partido Novo e defensor da redução da máquina pública, repercutiu imediatamente no meio político e acentuou a crise entre o Palácio do Planalto e setores da oposição. Zema afirmou ainda que a população não pode tolerar que crimes contra aposentados sejam tratados com conivência ou indiferença pelo governo. O escândalo no INSS já vinha gerando desconforto desde que a Polícia Federal tornou públicos os detalhes da investigação, que envolve servidores e empresas terceirizadas contratadas para operar empréstimos consignados e outros serviços voltados a beneficiários do sistema previdenciário. Os relatórios apontam que as cobranças indevidas eram aplicadas de forma sistemática, em uma engrenagem que contou com a omissão de instâncias de controle interno do INSS. Lupi, ao ser pressionado, tentou se distanciar das irregularidades, alegando que a gestão atual teria sido a responsável por identificar as fraudes e solicitar as apurações. No entanto, a oposição insiste que o ministro não pode escapar da responsabilidade política e administrativa por conta da magnitude do escândalo. Zema, ao puxar o coro por sua saída, buscou posicionar-se como voz em defesa dos aposentados e trabalhadores, ao mesmo tempo em que acentuou seu alinhamento com setores que fazem oposição aberta ao governo Lula. A situação cria mais um foco de tensão entre o Executivo federal e os governadores, num momento em que o Planalto já enfrenta desgaste em outras áreas, como na economia e na articulação com o Congresso. A cobrança pública de Zema também é interpretada por analistas como movimento que antecipa a estratégia do governador para ganhar protagonismo no cenário nacional, mirando uma possível candidatura presidencial em 2026. A crise envolvendo o INSS continua evoluindo com novas fases da operação da Polícia Federal previstas para os próximos meses, enquanto cresce a pressão para que Lupi preste esclarecimentos mais contundentes sobre a extensão do esquema e as medidas que adotará para reparar os danos causados aos aposentados lesados.
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