O ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirou nesta terça-feira (3) o sigilo das gravações dos depoimentos de 52 testemunhas de defesa e acusação no caso envolvendo o núcleo 1 da suposta trama golpista. As oitivas ocorreram entre 19 de maio e 2 de junho. Durante esse período, a imprensa pôde acompanhar as sessões presencialmente, mas sem acesso às gravações, para evitar que testemunhas combinassem versões.
Com o fim dos depoimentos, os vídeos foram liberados. Testemunhas de acusação afirmaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou estudos jurídicos para decretar estado de sítio e enquanto testemunhas de defesa negaram envolvimento dele ou dos demais réus em tentativa de golpe.
No primeiro dia, o general Marco Antônio Freire Gomes foi advertido por Moraes ao tentar minimizar a fala do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, que teria colocado a Marinha à disposição de Bolsonaro. Moraes o confrontou, dizendo: “O senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui?”. Freire negou e afirmou que Garnier disse apenas que “estava com o presidente”.
Já o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, confirmou a reunião em que Bolsonaro apresentou os mecanismos legais para decretar estado de sítio e GLO. Ele também declarou que Freire Gomes disse que prenderia Bolsonaro caso essas medidas fossem levadas adiante — o que Freire nega.
Os interrogatórios dos réus, incluindo Bolsonaro, foram marcados para 9 de junho e ocorrerão presencialmente no STF. O primeiro a depor será o delator Mauro Cid, seguido por Bolsonaro e os demais, em ordem alfabética.
O julgamento final deve ocorrer ainda este ano. Os réus podem pegar penas superiores a 30 anos de prisão por crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, e deterioração de patrimônio tombado.
JC
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