sexta-feira, 6 de junho de 2025

BOLSONARO DIZ QUE ENVIOU R$ 2 MILHÕES PARA SEU FILHO EDUARDO NOS EUA

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu, nesta quinta-feira (5), à sede da Polícia Federal para prestar depoimento no inquérito que apura suposto financiamento de ações antidemocráticas. No centro das investigações está a transferência de R\$ 2 milhões, feita no dia 13 de maio, para seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos. A ordem para o depoimento partiu do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga articulações internacionais envolvendo o congressista com membros do governo do ex-presidente americano Donald Trump.

Durante o depoimento, Bolsonaro negou qualquer irregularidade ou relação da transferência com ações ilegais, classificando o envio do montante como uma movimentação legítima e transparente. “Ele está levando a vida dele. Dinheiro limpo, legal, Pix. A acusação é que estou financiando atos antidemocráticos”, declarou Bolsonaro ao sair da PF, em tom de indignação com o que chamou de perseguição judicial. Segundo ele, os valores foram destinados ao sustento pessoal de Eduardo, que permanece nos Estados Unidos há meses, em meio ao avanço das investigações da PF sobre articulações que visariam desestabilizar instituições brasileiras.

O inquérito conduzido pelo STF tem como base suspeitas de que Eduardo Bolsonaro buscou apoio político e institucional fora do Brasil para pressionar autoridades nacionais. De acordo com apurações preliminares, o deputado teria mantido encontros com aliados do ex-presidente Trump para discutir formas de represália a ministros do Supremo, especialmente Alexandre de Moraes, visto como figura central no enfrentamento aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O repasse milionário, portanto, levantou suspeitas na PF sobre a natureza dos vínculos e eventuais custos de articulações no exterior.

A transferência foi comunicada formalmente à polícia pelo próprio ex-presidente, que se antecipou a qualquer alegação de ocultação de patrimônio ou desvio de finalidade. O valor, segundo a defesa de Bolsonaro, é compatível com sua movimentação financeira declarada. Mesmo assim, investigadores trabalham com a hipótese de que recursos possam ter sido usados para impulsionar campanhas de desinformação ou articulações políticas transnacionais, inclusive por meio de think tanks ultraconservadores.

Na mesma entrevista concedida após prestar depoimento, Bolsonaro também comentou com entusiasmo o fato de reencontrar Alexandre de Moraes na próxima segunda-feira (9), quando deverá comparecer à audiência de instrução da ação penal 2668. Essa ação investiga o chamado "núcleo crucial" de uma suposta tentativa de golpe de Estado, trama na qual Bolsonaro é apontado como figura central. Ele será interrogado presencialmente, pela primeira vez, dentro da fase processual que pode definir se o ex-presidente se tornará réu formalmente pelas tentativas de subverter o resultado das eleições de 2022.

O tom do ex-presidente ao se referir ao encontro com Moraes chamou atenção. Disse estar “muito feliz” por encarar o ministro “ao vivo”, o que foi interpretado por aliados como mais uma demonstração da estratégia de confronto adotada por Bolsonaro diante do STF. Para os investigadores, o comportamento do ex-presidente reforça o perfil de desestabilização institucional e uso político de processos judiciais para mobilizar sua base mais fiel. O próximo passo da PF é rastrear os desdobramentos do envio dos R\$ 2 milhões, analisando conexões bancárias, eventual remessa internacional e uso dos recursos em solo americano.

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