O São João de Caruaru, reconhecido nacionalmente como a maior festa junina do Brasil, viverá um momento histórico neste domingo, 15 de junho, com a retomada das tradicionais “drilhas”, após mais de dez anos de interrupção. A volta desse formato tão emblemático da festa marca um resgate das raízes culturais caruaruenses e promete transformar a Avenida Agamenon Magalhães em um corredor vibrante de música, dança e celebração. A iniciativa, batizada de “NossaDrilha”, reunirá artistas consagrados e talentos da terra em uma celebração gratuita que começa ao meio-dia, com a concentração ao som de um DJ, e seguirá com três trios elétricos que sairão em sequência a partir das 14h.
A abertura será feita pelo trio Juntô, que levará os cantores PV Calado, Kléver Lemos, Renan Cruz e Matheus Santos, com participação de convidados especiais. Em seguida, às 14h30, será a vez de Elifas Júnior, o “Rei das Drilhas”, assumir o comando da festa, trazendo a força simbólica de quem ajudou a consolidar o formato nos anos 80 e 90. Encerrando a sequência de trios, às 15h, a cantora Claudia Leitte trará sua energia contagiante, estabelecendo uma ponte entre o forró tradicional e a música pop nacional. A presença de Claudia reforça a amplitude da festa, que consegue acolher diferentes vertentes musicais sem perder a identidade nordestina.
As drilhas, na essência, são desfiles populares com trios elétricos, que percorrem as ruas acompanhados por uma multidão animada. A dinâmica lembra o formato dos blocos do Carnaval de Salvador, mas com a alma do forró e o calor da cultura junina. Na Caruaru das décadas de 1980 e 1990, elas representavam o auge da ocupação das ruas pela festa, com famílias inteiras saindo às calçadas para assistir e participar dos cortejos. Com o tempo, esse tipo de manifestação foi sendo deixado de lado, substituído por programações mais centralizadas nos polos fixos. O retorno agora não é apenas nostálgico, mas também uma aposta ousada em reconfigurar a experiência junina da cidade.
Para a gestão do prefeito Rodrigo Pinheiro, a reedição das drilhas tem um peso simbólico e estratégico. Segundo Hérlon Cavalcanti, presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, a ideia é unir inovação com memória, oferecendo uma estrutura organizada, segura e vibrante. O evento contará com apoio logístico da prefeitura e reforço no esquema de segurança, garantindo um ambiente propício à diversão. Ao mesmo tempo em que reaviva tradições, a ação insere a festa numa lógica contemporânea de ocupação criativa do espaço urbano, ampliando o acesso e a diversidade de públicos.
A celebração se insere em um São João que já é grandioso por natureza. Em 2025, a expectativa é de que 3,8 milhões de pessoas passem por Caruaru ao longo dos mais de 60 dias de programação. A movimentação econômica, estimada em R$ 690 milhões, confirma a força do evento como vetor de desenvolvimento regional. A cidade se transforma em um palco múltiplo, com polos como o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, o Polo Azulão, o Alto do Moura e dezenas de comunidades rurais promovendo apresentações, feiras, concursos e celebrações locais. Nesse contexto, a NossaDrilha ressurge como símbolo da participação popular e da pulsação coletiva que faz do São João de Caruaru algo maior do que uma festa – uma afirmação da identidade nordestina no seu estado mais puro e vibrante.
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