Em tom desafiador, Eduardo afirmou que, se o ministro quiser saber mais sobre sua conduta durante as viagens, deve enviar um pedido oficial de informações ao governo norte-americano. A fala, publicada em sua conta pessoal, reforça a estratégia do deputado de nacionalizar o debate e envolver autoridades internacionais no processo de apuração. A reação do parlamentar surge logo após o depoimento do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que esteve na sede da Polícia Federal nesta segunda-feira e respondeu a questionamentos sobre declarações anteriores em que apontava Eduardo como um dos articuladores internacionais da ofensiva contra o Estado Democrático de Direito no Brasil. Segundo Lindbergh, há fortes indícios de que Eduardo buscou apoio e interlocução com setores ultraconservadores nos Estados Unidos antes dos atos antidemocráticos no Brasil. Eduardo, por sua vez, minimizou as acusações e ironizou o depoimento do petista, afirmando que tudo está “às claras” em seus canais de comunicação.
O parlamentar licenciado ainda se referiu à atuação da Polícia Federal como “perseguição política”, repetindo um discurso comum entre os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que veem nos inquéritos do STF uma tentativa de criminalizar a oposição. Ele também deixou claro que não teme o avanço das investigações e disse estar à disposição para prestar esclarecimentos, desde que haja, segundo ele, “respeito institucional e legal”. Eduardo Bolsonaro esteve nos Estados Unidos diversas vezes entre 2022 e 2023, participando de eventos com nomes influentes da direita global, como o ex-estrategista de Donald Trump, Steve Bannon. Em alguns desses encontros, foi registrado defendendo pautas semelhantes às que pautaram os protestos contra o resultado das eleições presidenciais de 2022 no Brasil. Para seus críticos, a atuação internacional de Eduardo não se limitou ao debate de ideias, mas funcionou como ponte estratégica para fortalecer a retórica de fraude e insuflar apoiadores a contestar o processo eleitoral.
Até o momento, Eduardo não é formalmente investigado por envolvimento direto na tentativa de golpe, mas seu nome aparece em relatórios que embasam a investigação de redes de desinformação e de articulações antidemocráticas. A convocação de depoimentos de parlamentares como Lindbergh, bem como o andamento de diligências sigilosas, indicam que os investigadores buscam entender o papel de figuras públicas que atuaram dentro e fora do Brasil no período que antecedeu os atos de 8 de janeiro. A insistência de Eduardo em manter a postura confrontadora diante das autoridades brasileiras e em vincular o processo ao debate internacional mostra uma tentativa de ampliar o campo de disputa, levando o caso para além do Judiciário nacional. Mesmo fora do exercício do mandato, o deputado segue influente entre os setores mais fiéis ao bolsonarismo, o que reforça o interesse de diferentes atores em esclarecer sua participação nos bastidores dos acontecimentos que marcaram um dos momentos mais tensos da democracia brasileira desde a redemocratização.
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