segunda-feira, 16 de junho de 2025

GILSON MACHADO PROCESSA VEREADORA DO RECIFE POR DISCURSO DE ÓDIO

O embate entre o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) e a vereadora recifense Kari Santos (PT) ganhou um novo capítulo na Justiça. Após ter sido chamado de “prisioneiro do diabo” em uma publicação nas redes sociais, Gilson ingressou com uma ação por danos morais contra a parlamentar petista, pedindo uma indenização no valor de R$ 50 mil. A postagem em questão foi feita na última sexta-feira (13), justamente no dia em que o ex-ministro foi preso em uma operação da Polícia Federal no Recife, fato que serviu de inspiração para o vídeo irônico publicado por Kari.

No conteúdo que circulou nas redes sociais, a vereadora ironiza a prisão de Gilson Machado com alusões ao folclore popular e à simbologia da data. “O sanfoneiro do diabo acabou de ser preso, em plena ‘sexta-feira 13’. Sanfoneiro do diabo não, é prisioneiro do diabo. Agora vai lá, Gilson Machado, me processa de novo”, declarou, em tom provocativo. A referência ao termo “sanfoneiro do diabo” já havia sido usada por Kari anteriormente, o que resultou em uma condenação judicial no início deste ano, obrigando-a a pagar uma multa de R$ 5 mil.

No novo processo, a defesa do ex-ministro sustenta que houve um “linchamento virtual” e “discurso de ódio”, com a tentativa deliberada de associá-lo à figura do diabo e ridicularizá-lo diante da opinião pública. Além da indenização em dinheiro, Gilson também pede que o vídeo seja retirado do perfil oficial da vereadora no Instagram, sob pena de multa diária de R$ 2 mil, podendo chegar ao limite de R$ 30 mil em caso de descumprimento.

A ação ressalta que o vídeo, além de atacar diretamente a honra de Gilson Machado, faz chacota da própria Justiça brasileira, ao ironizar uma possível nova ação judicial: “Agora vai lá, Gilson Machado, me processa de novo”. Os advogados do ex-ministro afirmam que a parlamentar abusou de sua liberdade de expressão para promover um ataque pessoal e reiterado, ultrapassando os limites da crítica política legítima.

Gilson Machado foi detido na manhã da sexta-feira 13 sob a acusação de tentar fraudar um pedido de passaporte português em nome do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A prisão foi determinada no âmbito do chamado “inquérito do golpe”, que apura a tentativa de subversão do processo democrático. Após passar o dia no Centro de Observação e Triagem Criminológica Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, Gilson foi liberado por volta das 22h, mediante decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que expediu o alvará de soltura.

A assessoria da vereadora Kari Santos informou, na manhã desta segunda-feira (16), que até aquele momento a parlamentar não havia sido notificada oficialmente sobre a nova ação movida por Gilson. Apesar das condenações anteriores, a vereadora tem mantido um tom confrontador em suas redes sociais, alimentando o embate político com membros do bolsonarismo, especialmente com Gilson, que atualmente exerce mandato como vereador do Recife e é pré-candidato a prefeito da capital pernambucana.

O processo é mais um episódio da crescente judicialização das disputas políticas nas redes sociais, onde ataques verbais, ironias e memes frequentemente ultrapassam os limites do debate democrático. Para Gilson, os ataques têm motivação ideológica e configuram uma tentativa de desmoralizá-lo publicamente. Já para Kari, suas falas são uma forma legítima de crítica e resistência política.

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