quarta-feira, 11 de junho de 2025

JOÃO PAULO DEFENDE DOIS PALANQUES PARA LULA EM PERNAMBUCO

Na reunião plenária desta segunda-feira (10), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual João Paulo (PT) fez uma análise instigante sobre o cenário político que se desenha para as eleições presidenciais de 2026, com foco na atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Pernambuco. Com o olhar experiente de quem já participou ativamente de diversas articulações políticas ao longo das últimas décadas, o parlamentar reacendeu um debate estratégico sobre a possibilidade de formação de um palanque duplo no Estado, reunindo, de um lado, o atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), e, do outro, a governadora Raquel Lyra (PSDB). A hipótese, embora aparentemente contraditória à lógica tradicional de alianças partidárias, carrega, segundo ele, um sentido mais amplo e pragmático de enfrentamento ao avanço da extrema-direita no país.

João Paulo traçou um paralelo com o pleito de 2006, quando Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT) foram adversários na corrida pelo Governo de Pernambuco, mas ambos sustentaram candidaturas aliadas ao então presidente Lula, que disputava a reeleição. O resultado daquele arranjo político, de acordo com o petista, foi a consolidação de um amplo apoio à agenda progressista em um estado considerado chave nas disputas presidenciais. A lembrança desse precedente foi usada como argumento para sustentar a tese de que alianças múltiplas, em vez de dividir, podem somar forças no projeto de continuidade das transformações sociais promovidas pelos governos petistas.

Com um tom de alerta e de articulação, João Paulo afirmou que, diante do cenário nacional polarizado, a prioridade deve ser a construção de uma base sólida e diversificada em apoio ao presidente Lula, que poderá disputar a reeleição em 2026. Nesse contexto, ele avalia que a presença de Raquel Lyra e João Campos em palanques distintos, mas convergentes na defesa da democracia e da estabilidade institucional, deve ser compreendida não como um conflito, mas como um sinal de maturidade política. A fala do deputado, além de indicar os bastidores de articulações em curso, também reflete a disposição do PT em atuar de maneira flexível, priorizando a luta contra as forças antidemocráticas que ganharam fôlego nos últimos anos.

João Paulo ressaltou ainda que a formação de frentes amplas é um dos princípios que sustentam o atual governo federal e que, nos estados, essa estratégia deve ser reproduzida com inteligência e sensibilidade. O parlamentar reconhece que tanto Raquel Lyra quanto João Campos têm liderado administrações com visibilidade e peso político, representando segmentos distintos da sociedade pernambucana, mas ambos são considerados peças importantes no xadrez eleitoral que se aproxima. O desafio, segundo ele, está em transformar eventuais rivalidades em cooperação estratégica, alinhada com os interesses do campo democrático-popular.

A possibilidade de um palanque duplo não é inédita, mas ainda gera dúvidas entre militantes e observadores da política local. Ao lançar luz sobre essa alternativa, João Paulo antecipa um debate que, nos bastidores, já movimenta lideranças partidárias em Brasília e no Recife. A sua fala também sugere que o PT, mesmo que não protagonize a chapa majoritária no Estado, estará envolvido na construção de consensos em torno da figura de Lula. Em um ambiente marcado por disputas ideológicas acirradas, a aposta do deputado é na formação de alianças amplas e heterogêneas, capazes de proteger os avanços sociais e garantir a governabilidade a partir de 2026.

A intervenção de João Paulo se insere em um momento em que os sinais de reconfiguração política ganham força em Pernambuco, especialmente com o crescimento da governadora Raquel Lyra em âmbito nacional e o protagonismo crescente de João Campos como liderança jovem do PSB. Nesse contexto, o discurso do deputado sinaliza que o PT poderá adotar uma postura mais aberta e pragmática, inclusive abrindo mão de um protagonismo local, caso isso se revele necessário para assegurar o projeto nacional de Lula. Ao fazer esse gesto político, João Paulo reforça seu papel como um dos principais articuladores do partido no Estado e sinaliza para uma nova fase das alianças progressistas em Pernambuco.

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