Em meio à movimentação intensa que marca a pré-campanha para o Senado em Pernambuco, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, tem adotado uma estratégia silenciosa, porém eficaz, para manter viva a influência de sua família no interior do estado. Embora ele próprio não esteja diretamente na disputa por uma vaga no Senado, Miguel tem acompanhado de perto as movimentações políticas locais, sobretudo em regiões onde seu grupo já possui tradição e capilaridade eleitoral. Aos fins de semana, ele percorre diferentes municípios ao lado do irmão, o deputado federal Fernando Filho, fortalecendo vínculos e consolidando bases que poderão ser decisivas na eleição que se aproxima.
Enquanto pré-candidatos como Humberto Costa (PT), Fernando Dueire (MDB), Eduardo da Fonte (PP) e Sílvio Costa Filho (Republicanos) intensificam visitas públicas em eventos religiosos, feiras agropecuárias e reuniões com lideranças políticas e comunitárias, Miguel atua nos bastidores, apostando no relacionamento histórico e no prestígio que construiu durante sua gestão à frente da Prefeitura de Petrolina. Em muitas dessas agendas, ele atua como uma espécie de “embaixador político” do irmão, cuja candidatura à reeleição na Câmara Federal é uma prioridade do grupo liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho, pai de ambos e figura estratégica na política nacional.
O que chama atenção é que, mesmo em municípios onde os prefeitos manifestam apoio à governadora Raquel Lyra (PSDB), adversária indireta do grupo Coelho, Miguel não hesita em marcar presença. O cálculo é simples: o eleitorado no interior costuma separar o voto para o Executivo do voto para o Senado e para a Câmara. Assim, a presença física e o diálogo direto com a população tornam-se ferramentas valiosas para manter o recall e ampliar o capital político da família. A aposta é na memória afetiva do eleitor, no reconhecimento de obras e em uma postura de continuidade.
Em agendas discretas, mas cuidadosamente organizadas, Miguel e Fernando Filho priorizam localidades onde já obtiveram votações expressivas em pleitos anteriores. Nessas visitas, almoçam com lideranças, participam de celebrações religiosas, visitam feiras, conversam com comerciantes e agricultores e, sobretudo, ouvem. O discurso é centrado na escassez de investimentos federais em algumas regiões e na necessidade de representantes comprometidos com o Sertão, o Agreste e a Zona da Mata. Ao mesmo tempo, avaliam a formação de alianças locais e identificam possíveis palanques que possam abrigar suas candidaturas e apoiar aliados ao Senado.
Essa movimentação também é estratégica para o futuro político de Miguel Coelho, que, após disputar o Governo do Estado em 2022, tem mantido seu nome em evidência, sem deixar que sua base se desmobilize. Ele sabe que, num cenário polarizado e imprevisível como o de Pernambuco, cada voto conta e cada liderança local pode se tornar um elo decisivo na construção de uma vitória. Em tempos de pré-campanha, onde ainda é possível circular com liberdade sem as amarras da legislação eleitoral, ele aproveita para fincar bandeiras em territórios que, ainda que divididos no plano estadual, podem render frutos valiosos nas urnas federais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário