Na madrugada do último domingo (1º), a cidade de Canhotinho, no Agreste de Pernambuco, amanheceu consternada com a notícia da morte trágica de Gabriel da Silva, de 37 anos. Ele não resistiu aos ferimentos provocados por um incêndio criminoso que destruiu parcialmente sua residência, localizada na Rua São João — local popularmente conhecido como Rua da Merda, uma das áreas mais antigas do município. O fogo teve início na noite do sábado (31), por volta das 22h, e, segundo moradores da vizinhança, o incêndio foi provocado intencionalmente pela própria companheira da vítima, Cristiane Barreto da Silva, de 38 anos, com quem ele mantinha um relacionamento marcado por conflitos.
Testemunhas relataram que, ainda durante a tarde do sábado, Cristiane havia ameaçado Gabriel na frente de vizinhos e familiares. De acordo com um morador da rua, a mulher gritava que iria “resolver tudo naquela noite”, e que Gabriel “pagaria caro”. A tensão no relacionamento do casal era de conhecimento geral na vizinhança, e relatos indicam que a mulher apresentava comportamento agressivo e crises de ciúmes frequentes. Por volta das 22h30, enquanto Gabriel dormia, Cristiane teria ateado fogo no imóvel utilizando um líquido inflamável, provavelmente álcool ou gasolina, segundo os primeiros levantamentos feitos por peritos no local.
Desesperados com o avanço das chamas e os gritos que ecoavam da casa em chamas, vizinhos e familiares quebraram portas e janelas para tentar salvar Gabriel. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado imediatamente e prestou os primeiros socorros no local, transferindo-o, em estado gravíssimo, para uma unidade hospitalar em Canhotinho. Devido à extensão das queimaduras, que cobriam mais de 80% do corpo, a vítima foi encaminhada em caráter de urgência para o setor de queimados do Hospital da Restauração, no Recife.
Apesar dos esforços da equipe médica, Gabriel teve seu quadro agravado durante a madrugada e faleceu na manhã do domingo. A notícia do óbito provocou forte comoção na cidade, sobretudo entre os parentes mais próximos, que chegaram a organizar uma vigília improvisada na porta do hospital durante a madrugada, na esperança de uma reviravolta que não veio. O corpo de Gabriel foi removido para o Instituto de Medicina Legal (IML) da capital, onde passou por necropsia e será liberado para sepultamento ainda nesta segunda-feira.
Cristiane Barreto foi presa em flagrante ainda no sábado à noite por policiais militares do 9º BPM, que foram chamados por vizinhos após o início do incêndio. Ela foi conduzida até a 18ª Delegacia Seccional, em Garanhuns, onde foi autuada por homicídio qualificado, com indícios de premeditação e motivo torpe. A mulher permanece detida, aguardando audiência de custódia. A Delegacia de Polícia Civil de Canhotinho ficará responsável pela investigação do crime, que já reúne depoimentos de familiares, vizinhos e imagens de segurança de comércios próximos, que poderão ajudar a esclarecer a dinâmica do ocorrido e as possíveis motivações do ato.
Moradores da Rua São João ainda tentam lidar com a violência brutal do caso, enquanto assistem à destruição do imóvel onde tudo aconteceu, agora marcado pelas paredes chamuscadas e pelo silêncio pesado do que restou.
Informações do Portal Agreste Violento
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