Uma cena revoltante e profundamente chocante marcou a rotina de Pesqueira, no Agreste pernambucano, e escancarou de forma cruel o abandono da saúde pública no município. Na frente do Hospital Dr. Lídio Paraíba, uma mulher em trabalho de parto foi deixada à própria sorte, dando à luz no meio da rua, sem qualquer tipo de acolhimento médico, sob os olhares perplexos de quem passava e os gritos de dor que ecoaram sem resposta. A denúncia foi feita pela jornalista Edna Soares, da Nova Líder FM, que relatou em detalhes o momento de total negligência, expondo mais uma ferida aberta da gestão municipal. Segundo os relatos, a mulher chegou ao hospital pedindo ajuda, em desespero, mas permaneceu ignorada até o momento do parto, que aconteceu ali mesmo, em plena via pública, diante da unidade de saúde que deveria garantir sua segurança e a do bebê. A imagem de uma gestante deitada no chão, parindo sem auxílio algum, não é apenas impactante: é inaceitável. É uma tragédia que se soma a tantas outras silenciosas e invisibilizadas, consequência direta de uma gestão que falha em oferecer o mínimo de dignidade à população.
Enquanto a prefeitura se ocupa com discursos e promessas vazias, a realidade se impõe de forma cruel nas ruas de Pesqueira. A falta de investimento, de profissionais suficientes e de estrutura adequada no hospital municipal vem sendo alvo de críticas há tempos, mas nada parece sensibilizar a atual administração. O que aconteceu é mais do que um caso isolado — é um símbolo do colapso de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis e que, em vez disso, os expõe a situações degradantes. Não havia médico, enfermeira, técnica de enfermagem ou sequer um acolhimento mínimo para evitar que a cena ocorresse da forma mais traumática possível. Não é aceitável que, em pleno 2025, uma mulher precise parir no meio da rua, como se estivesse completamente invisível para o poder público.
O episódio rapidamente gerou indignação nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a situação crítica da saúde em Pesqueira. Internautas, moradores e lideranças locais expressaram revolta diante da omissão. Para muitos, o caso evidencia a completa falência da gestão municipal no que diz respeito às políticas de saúde e assistência à mulher. Em um município onde recursos são liberados, licitações são feitas e obras anunciadas, a ausência de algo tão básico quanto uma equipe de plantão para atender uma gestante em trabalho de parto expõe o profundo abismo entre a propaganda institucional e a vida real da população. A mulher, após o parto na rua, finalmente foi levada para dentro do hospital — mas apenas depois de já ter passado pelo momento mais crítico de forma totalmente desassistida. A situação da criança, até o momento da publicação desta reportagem, não havia sido divulgada, mas o trauma físico e emocional da mãe dificilmente será apagado. Em vez de acolhimento, ela recebeu abandono. Em vez de cuidado, omissão. O que mais precisa acontecer para que as autoridades reconheçam a urgência do que está diante dos olhos de todos?
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