terça-feira, 3 de junho de 2025

O DILEMA DE MARÍLIA DIANTE DA FUSÃO VINDOURA

A movimentação nos bastidores da política pernambucana ganhou um novo capítulo com a iminente federação entre o Solidariedade, partido da ex-deputada Marília Arraes, e o PRD, comandado em Pernambuco pelo prefeito de São Caetano, Josafá Almeida, aliado de Luciano Bivar. A união será formalizada no próximo dia 11 de junho e já desperta uma série de questionamentos sobre o futuro político de Marília, que almeja uma vaga no Senado Federal em 2026. A articulação teve o aval do presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, e a documentação oficial será encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A nova federação deverá adotar como critério de comando estadual a performance nas eleições de 2018 e 2022, além das projeções de competitividade para a disputa à Câmara Federal em 2026. Isso significa que a composição de forças dentro da futura federação poderá desagradar setores mais alinhados ao campo progressista, como é o caso de Marília, que vem tentando manter o Solidariedade na base de apoio do presidente Lula, mas agora vê essa possibilidade cada vez mais distante.

A dúvida que se impõe no cenário político é inevitável: o partido de Marília quer mesmo distância de Lula? E se isso se confirmar, o que fará Marília? Permanece em uma federação que pode pender para um campo político mais ao centro-direita, associado a nomes como Bivar e Josafá, ou romperá em busca de uma nova legenda que garanta palanque ao lado do presidente em Pernambuco? Com trajetória marcada por um histórico de embates com a cúpula do PSB, e após sua saída do PT, Marília construiu uma imagem política própria, com base eleitoral consolidada no estado e forte identificação com pautas sociais. No entanto, o novo arranjo pode inviabilizar sua presença no mesmo palanque de Lula nas eleições de 2026, abrindo brechas para especulações: ela poderia retornar ao Partido dos Trabalhadores? Aceitaria reatar com o PSB, hoje sob nova configuração após a chegada de João Campos ao protagonismo nacional? Ou ainda estaria disposta a buscar outro destino partidário, talvez uma sigla que lhe ofereça autonomia e alinhamento com seu projeto senatorial?

O desafio é duplo: manter relevância política e garantir palanque competitivo. A federação entre Solidariedade e PRD, embora possa assegurar tempo de TV e recursos de campanha, impõe um novo cenário de disputas internas e possíveis tensões ideológicas. Marília, que foi candidata ao Governo do Estado em 2022 e teve votação expressiva, sabe que o caminho até o Senado exige articulação com forças nacionais, especialmente com o presidente Lula, que continua sendo o maior cabo eleitoral da esquerda no país. Se a federação pender para longe do lulismo, Marília ficará isolada? E se romper com o Solidariedade, conseguirá tempo hábil e estrutura para viabilizar sua candidatura por outra legenda? As perguntas se acumulam em torno de um nome que continua no centro das atenções, mas que agora se vê diante de um dilema político delicado.

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