Pernambuco abre 36 novos leitos pediátricos devido crise de SRAG em crianças
A medida foi tomada uma semana após o decreto de situação de emergência
A crescente preocupação com a alta incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças levou o Governo de Pernambuco a reforçar a rede pública de saúde com a abertura de 36 novos leitos pediátricos em regiões estratégicas do estado. Os leitos foram distribuídos em unidades da Zona da Mata, Agreste e Região Metropolitana do Recife (RMR), áreas onde os casos da doença têm se intensificado. A medida foi anunciada apenas uma semana após a publicação do decreto de situação de emergência em saúde pública, que permite ao Executivo estadual acelerar a adoção de providências especiais para conter o avanço da doença.
Desde o início do ano, o estado já contabiliza a implantação de 295 leitos infantis, um número que reflete a pressão crescente sobre o sistema hospitalar, sobretudo nos períodos de maior circulação viral. As unidades de saúde vêm enfrentando aumento expressivo na procura por atendimentos pediátricos relacionados a sintomas gripais e respiratórios. A SRAG, que pode evoluir rapidamente para quadros graves, preocupa autoridades sanitárias devido à sua maior letalidade entre crianças menores e pessoas com comorbidades.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), o planejamento emergencial não se limita à expansão da capacidade hospitalar. O governo tem intensificado o monitoramento da circulação de vírus respiratórios, como o influenza, o vírus sincicial respiratório (VSR) e o rinovírus, com o objetivo de antecipar medidas de contenção e orientar melhor as unidades de atenção básica e os hospitais. Há um esforço contínuo para atualizar boletins e alertas que subsidiam as decisões clínicas e de gestão, especialmente nas regiões onde a demanda apresenta crescimento exponencial.
A SES-PE também tem reforçado a importância de ações preventivas em ambientes escolares e familiares. As famílias foram orientadas a não levar crianças com sintomas gripais para a escola, a fim de reduzir o risco de transmissão entre colegas e profissionais da educação. Essa recomendação vale especialmente para bebês e crianças menores de um ano, que pertencem ao grupo de risco e devem ser mantidos longe de ambientes com aglomeração sempre que possível. A infecção por vírus respiratórios nessa faixa etária tende a evoluir com mais rapidez para casos de SRAG, exigindo internação hospitalar imediata.
Com o decreto de emergência em vigor, o Estado pode agilizar processos de aquisição de insumos, contratação de profissionais temporários, remanejamento de recursos e celebração de parcerias com municípios e instituições filantrópicas. A situação atual exige flexibilidade administrativa e capacidade de resposta rápida, especialmente diante de um cenário em que a sazonalidade das viroses respiratórias tem se antecipado e se prolongado, ampliando o tempo de pressão sobre o sistema público de saúde.
A preocupação com a SRAG não se limita a Pernambuco. Diversos estados brasileiros vêm enfrentando surtos semelhantes, impulsionados pelas baixas temperaturas e pela oscilação entre períodos de chuva e clima seco, fatores que contribuem para o aumento de doenças respiratórias. No caso de Pernambuco, o impacto tem sido mais visível entre os públicos infantis atendidos no SUS, especialmente nas cidades com menor cobertura de atenção primária ou maior vulnerabilidade social.
A rede estadual também passou a reforçar a comunicação com os municípios, com foco em ações integradas de vigilância e resposta rápida. Equipes da SES-PE têm acompanhado diariamente os indicadores regionais, buscando evitar o colapso das unidades de saúde em localidades onde a curva de contaminação já ultrapassa os limites de segurança. A instalação dos novos leitos é considerada uma ação estratégica para garantir acesso mais rápido a tratamentos de suporte respiratório, que muitas vezes fazem a diferença entre a recuperação e a evolução para quadros críticos.
Mesmo diante do esforço do governo, especialistas alertam para a necessidade do engajamento da população. A identificação precoce dos sintomas e a busca por atendimento ainda nas unidades básicas são atitudes essenciais para evitar o agravamento dos casos. Medidas simples como lavar as mãos, evitar contato com pessoas doentes e manter a carteira de vacinação atualizada seguem sendo a principal barreira contra a disseminação da SRAG.
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