POLÍCIA AGUARDA DEPOIMENTO DE MÉDICO NAMORADO DA VÍTIMA DO NAUFRÁGIO EM SUAPE

A tragédia envolvendo a morte da advogada Maria Eduarda Carvalho de Medeiros, de 38 anos, após um naufrágio na Praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, ainda mobiliza autoridades e levanta questionamentos sobre as circunstâncias do acidente. O namorado da vítima, o médico urologista Seráfico Pereira Cabral Junior, de 55 anos, deve prestar depoimento à Polícia Civil na próxima semana, segundo informou à imprensa o advogado dele, Ademar Rigueira. Seráfico está internado em um hospital particular, com infecção e lesões nas pernas. “Está sob cuidados médicos, mas o quadro está controlado”, afirmou a defesa.

O acidente aconteceu na tarde do sábado, 21 de junho, quando o casal e a cadela da advogada estavam a bordo de um veleiro. A embarcação naufragou em alto-mar e, segundo o relato preliminar do médico, ele nadou por cerca de três horas até alcançar a costa. Foi resgatado por equipes do Corpo de Bombeiros visivelmente exausto. A ausência de coletes salva-vidas e a possível condução da embarcação sem habilitação náutica por parte de Seráfico são pontos centrais da investigação. A Polícia Civil de Pernambuco instaurou inquérito sob sigilo, e diligências já foram realizadas, incluindo o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na residência do médico, no bairro da Jaqueira, Zona Norte do Recife.

Durante a ação, foram apreendidos celulares, computadores e dispositivos eletrônicos, que devem passar por perícia para esclarecer o que houve nas horas que antecederam o naufrágio. Maria Eduarda desapareceu no mar e o corpo dela só foi encontrado três dias depois, na Praia de Calhetas, também no município do Cabo. A perda da jovem advogada abalou familiares, amigos e colegas da área jurídica, que acompanham com atenção os desdobramentos do caso.

Paralelamente à apuração da Polícia Civil, a Capitania dos Portos de Pernambuco instaurou um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), mecanismo utilizado para investigar oficialmente ocorrências no ambiente marítimo. O objetivo é identificar possíveis falhas de segurança, omissões e responsabilidades técnicas pela condução da embarcação. O laudo deste inquérito poderá ser decisivo para eventuais responsabilizações cíveis e criminais.

Informações extraoficiais apontam que o casal estava hospedado em um condomínio de luxo na Praia de Muro Alto, em Porto de Galinhas, onde o médico mantém um flat. A previsão era que eles retornassem ao Recife apenas no dia seguinte, mas decidiram sair para o passeio náutico no sábado. As autoridades agora buscam traçar a cronologia completa da tragédia, desde a saída do casal até o momento do resgate e a posterior localização do corpo da advogada. O silêncio do médico, por enquanto amparado por razões clínicas, deverá ser rompido nos próximos dias diante da convocação para prestar esclarecimentos formais sobre o que, de fato, aconteceu no mar.