Na manhã desta quinta-feira (19), o município de Garanhuns foi palco de uma operação de grande envergadura policial, conduzida pela 8ª Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), sob o comando do delegado Paulo Bicalho. A ação contou com o suporte estratégico do Núcleo de Inteligência do Agreste (NIA) e teve como foco a prisão de um dos nomes mais temidos do crime organizado em Pernambuco: José Edmilson da Silva, mais conhecido como Juninho da Batalha. A operação, que vinha sendo planejada há meses, foi deflagrada com precisão cirúrgica e alto nível de sigilo, resultando na prisão do criminoso em uma residência localizada no bairro da Cohab III, onde ele se escondia há pelo menos três semanas.
Juninho da Batalha é apontado como liderança de uma célula regional do Comando Vermelho, facção criminosa oriunda do Rio de Janeiro que tem ampliado seu domínio em diversas cidades do Nordeste. Sua trajetória no mundo do crime é marcada por extrema violência e ousadia. Com uma ficha criminal extensa, Juninho é acusado de envolvimento em múltiplos homicídios qualificados, além de tentativa de assassinato contra um rival da facção e participação em esquemas de tráfico de drogas e armas que se estendem até o sertão do estado. Investigadores apontam que ele agia como elo entre fornecedores de entorpecentes da capital e distribuidores locais, garantindo o abastecimento de drogas na região agreste.
Durante a abordagem policial, Juninho não resistiu à prisão, mas foram mobilizadas equipes fortemente armadas por conta do alto grau de risco atribuído ao alvo. Fontes policiais revelaram que ele estava sob vigilância há cerca de 45 dias, após denúncias anônimas e interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, que indicaram movimentações suspeitas e reuniões com outros criminosos. No momento da prisão, ele estava sozinho, mas foram apreendidos um celular criptografado, uma quantia em dinheiro, porções de cocaína e um caderno com anotações que, segundo os agentes, indicam a contabilidade do tráfico.
Relatos internos da polícia indicam que Juninho havia entrado em rota de colisão com outros membros da facção, o que aumentava o risco de uma guerra interna e atentados contra desafetos e até agentes públicos. Sua prisão foi vista como estratégica para evitar uma possível escalada de violência. O delegado Paulo Bicalho afirmou que o trabalho de inteligência foi decisivo para a localização exata do criminoso, evitando um confronto direto e eventuais danos colaterais. Juninho foi transferido sob forte escolta para a sede do Denarc em Caruaru, onde permanece sob custódia em cela de segurança máxima.
A operação, considerada um dos maiores golpes contra o narcotráfico na região em 2025, mobilizou mais de 30 policiais civis e contou com o apoio de unidades especializadas. Nos bastidores, o sentimento é de alívio, mas também de alerta, já que as lideranças remanescentes da facção podem tentar reagir. As investigações continuam para identificar e prender comparsas de Juninho, inclusive aqueles que lhe deram suporte logístico nos últimos meses. Segundo os investigadores, a facção vinha se reestruturando após a prisão de outro líder local em 2023, e Juninho era visto como peça-chave na nova hierarquia.
Nos últimos anos, Garanhuns tem enfrentado uma crescente presença de facções externas que disputam território e influência sobre o tráfico local. A ação desta quinta-feira, segundo analistas de segurança, demonstra que a polícia está atenta e disposta a agir com rigor para neutralizar ameaças desse porte. Documentos apreendidos durante a operação estão sendo analisados por peritos, e há indícios de que Juninho mantinha articulações com membros do crime organizado em outros estados do Nordeste. O desdobramento do caso pode revelar ramificações ainda mais profundas da atuação da facção na região.
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