QUEIROZ CRITICA SÃO JOÃO DE CARUARU

O ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), fez duras críticas ao formato do São João 2025 adotado pela atual gestão municipal, comandada pelo prefeito Rodrigo Pinheiro. Em declaração publicada nas redes sociais, Queiroz demonstrou indignação com o que classificou como a transformação de uma tradicional festa popular em um evento elitizado. Segundo ele, a essência do São João caruaruense está sendo perdida, substituída por uma lógica de exclusividade e altos custos. “Vemos um camarote gigantesco com ingressos que chegam a mil reais. Enquanto isso, o povo, que sempre fez essa festa acontecer, está sendo deixado do lado de fora”, protestou o ex-prefeito em uma de suas postagens mais comentadas nos últimos dias.

A crítica de Queiroz atinge diretamente a estrutura do evento, que tem sido marcada por espaços privilegiados voltados a um público com maior poder aquisitivo. Camarotes luxuosos, open bar, serviços exclusivos e atrações concentradas em áreas restritas contrastam, segundo ele, com a ausência de medidas que priorizem o acesso democrático às apresentações. Para o ex-prefeito, isso representa um afastamento do espírito original da festa, construída ao longo das décadas com a participação ativa da população caruaruense, especialmente das camadas mais populares. O pedetista defende que o São João deve ser um reflexo da cultura local, das tradições nordestinas e da diversidade do povo, e não uma vitrine para consumo privado.

A fala repercutiu entre apoiadores e críticos da atual administração. Muitos internautas expressaram apoio ao posicionamento de Queiroz, relembrando edições passadas do São João de Caruaru, quando, segundo eles, a valorização da cultura regional e a inclusão da população eram prioridades. Outros apontaram que o investimento em estruturas privadas pode gerar recursos para o município e atrair turistas, embora esse benefício não seja sentido por quem não pode pagar pelos espaços mais caros. A polêmica toca em um ponto sensível: o equilíbrio entre a valorização cultural da festa e sua exploração comercial, especialmente quando os custos afastam parte significativa da população.

A gestão de Rodrigo Pinheiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre as declarações do ex-prefeito. Nos bastidores, aliados do atual prefeito argumentam que o São João continua sendo acessível à população, com programação gratuita em polos alternativos e shows no Pátio do Forró. No entanto, a fala de Queiroz reacende o debate sobre o papel do poder público na condução de grandes festas populares e os limites entre a iniciativa privada e o interesse coletivo. Para muitos, a presença de camarotes milionários em uma festa que nasceu nas ruas, entre sanfoneiros, quadrilhas e barraqueiros, é um símbolo do distanciamento entre o evento e sua origem. A crítica de Queiroz não se limita à estrutura física da festa, mas reflete uma visão mais ampla sobre a identidade cultural de Caruaru e o lugar do povo em suas celebrações.