segunda-feira, 9 de junho de 2025

RAMOS VAI SE ISOLANDO NO PODER EM PAULISTA

Eleito em 2024 com uma base política sólida e articulada, o prefeito de Paulista, Ramos, foi alçado ao cargo como resultado direto da aliança que uniu o então prefeito Yves Ribeiro, a governadora Raquel Lyra e outros nomes de peso da política estadual. Essa construção coletiva foi essencial para viabilizar sua candidatura e garantir a vitória nas urnas, numa conjuntura em que o apoio institucional e o respaldo de lideranças tradicionais foram determinantes. Contudo, passados os primeiros meses de gestão, o que se vê é um afastamento progressivo das bases que sustentaram sua ascensão, numa trajetória marcada por gestos que destoam do esperado para quem chegou ao poder por meio de uma coalizão ampla. Um dos exemplos mais emblemáticos dessa desconexão está no tratamento dispensado ao vice-prefeito Felipe Andrade, figura central na costura eleitoral de 2024 e responsável por garantir pontes importantes com segmentos estratégicos da cidade. Ao invés de aproveitar essa parceria para fortalecer a administração, Ramos optou pelo distanciamento e por um escanteamento que vem chamando a atenção até dos aliados mais próximos. A condução política adotada tem gerado desconforto não apenas dentro do grupo que o elegeu, mas também entre lideranças comunitárias e partidárias que esperavam um governo de integração. A impressão que ganha corpo é a de um prefeito cada vez mais isolado, repetindo a lógica de centralização de poder que marcou o final da gestão de Yves Ribeiro, cuja trajetória se encerrou também com críticas à falta de diálogo e ao fechamento do círculo de decisões. Diferentemente do que se projetava durante a campanha, quando o discurso da união e do governo participativo era uma bandeira, a prática tem mostrado um caminho inverso. Esse isolamento precoce tem gerado instabilidade, ruídos internos e desmobilização da base, elementos que podem comprometer a governabilidade e a imagem pública do gestor. Mesmo com tempo hábil para realinhar a gestão, retomar pontes e fortalecer o diálogo político, Ramos ainda não deu sinais concretos de que pretende alterar o curso. A ausência de gestos de reconciliação ou de iniciativas para reinserir aliados estratégicos no centro das decisões reforça a percepção de que o prefeito está mais focado em consolidar um núcleo de poder restrito do que em manter viva a coalizão que o levou ao cargo. Se por um lado isso pode ser visto como uma tentativa de afirmar autonomia, por outro lado evidencia um descompasso entre expectativa e realidade, algo que pode ter efeitos duradouros sobre sua base de apoio. A trajetória recente aponta que, ao invés de ampliar alianças e consolidar lideranças, Ramos vem se distanciando justamente daqueles que foram pilares do seu sucesso eleitoral. Enquanto a cidade segue aguardando avanços concretos na gestão, os bastidores políticos indicam que a preocupação com a condução política é crescente, especialmente entre aqueles que ajudaram a erguer o projeto que hoje ocupa a Prefeitura de Paulista.

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