sexta-feira, 20 de junho de 2025

RECIFE VIRA RETIRO DOS DERROTADOS EM 2024

A Prefeitura do Recife tem sido alvo de críticas por se transformar em uma espécie de refúgio político para aliados que amargaram derrotas nas urnas. A gestão do prefeito João Campos, do PSB, tem abrigado figuras derrotadas em cargos comissionados, com salários atrativos e pouco retorno prático à população. O caso mais recente ocorreu em Igarassu, onde o prefeito nomeou Miguel Ricardo como titular da Secretaria de Saneamento da capital. A escolha, no entanto, tem menos a ver com qualificação técnica e mais com acomodações políticas: Miguel é filho do deputado estadual Mário Ricardo, ex-prefeito da cidade que viu seu capital eleitoral ruir após uma derrota expressiva em 2024. Em troca da nomeação do filho, João Campos ganha palanque político em Igarassu para 2026, numa possível candidatura ao Governo de Pernambuco.

Nos bastidores, Mário Ricardo é visto como um deputado em fim de linha, sem protagonismo na Assembleia Legislativa e agarrado ao grupo de João Campos na esperança de renovação do seu espaço político. A prática de empregar derrotados políticos, no entanto, não é isolada. Em Olinda, Vinícius Castello, que perdeu a disputa municipal em 2024, virou secretário-executivo de Infraestrutura do Recife. Já em Surubim, Ana Célia, outra aliada do PSB derrotada na última eleição, foi acomodada como secretária-executiva de Planejamento e Articulação Social da capital.

A estratégia do prefeito não se limita às nomeações individuais. No início de janeiro deste ano, João Campos sancionou um projeto aprovado na Câmara Municipal que aumentou em 25% o número de cargos comissionados e gratificações na estrutura da Prefeitura do Recife. O impacto dessa medida chega a R$ 65 milhões, ampliando ainda mais o espaço para nomeações políticas e reforçando o caráter de aparelhamento da máquina pública municipal. Com a proximidade do pleito estadual, a movimentação de João Campos é vista como uma forma de construir alianças em diferentes regiões do estado, utilizando a estrutura da capital como moeda de troca. Mesmo com discursos de modernização e eficiência administrativa, a prática se assemelha aos métodos tradicionais da velha política, que usa cargos públicos como recompensa por apoio eleitoral.

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