sexta-feira, 20 de junho de 2025

SILAS MALAFAIA REAGE A PF ALEGAR QUE NÃO O ENCONTROU

A Polícia Federal (PF) enfrentou dificuldades para intimar o pastor Silas Malafaia a prestar depoimento em uma investigação que tem como foco o ex-presidente Jair Bolsonaro. O inquérito apura a possível prática de peculato, crime que envolve o uso indevido de recursos públicos, com a suspeita de que Bolsonaro teria se beneficiado eleitoralmente durante as manifestações do dia 7 de setembro de 2022. A PF buscou contato com Malafaia para esclarecer detalhes sobre o financiamento dos trios elétricos utilizados nos atos, tanto na capital federal quanto no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro fez discursos em eventos que reuniram seus apoiadores.

Segundo a Polícia Federal, as tentativas de localizar o pastor foram frustradas, já que os números telefônicos registrados não foram atendidos. A escrivã responsável pelo contato relatou que tentou todos os canais disponíveis, sem sucesso, o que motivou a divulgação do ocorrido pela corporação. A determinação para que Malafaia fosse ouvido partiu do delegado Manoel Vieira da Paz Filho, que marcou o depoimento para o dia 11 de março deste ano. Entretanto, a intimação não foi cumprida devido à falta de comunicação efetiva com o pastor.

Em resposta às informações divulgadas pela PF, Silas Malafaia reagiu criticando a forma como foi buscado pela autoridade policial. Ele ressaltou que reside no mesmo endereço desde 2008 e que já foi intimado diversas vezes, inclusive pela Polícia Federal. O pastor questionou se, atualmente, as intimações são feitas por telefone e classificou a situação como uma “piada”, demonstrando indignação diante da versão oficial da PF.

O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) porque os fatos investigados ocorreram durante o mandato de Jair Bolsonaro como presidente da República, o que confere foro privilegiado ao ex-chefe do Executivo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) é responsável por avaliar as provas reunidas e decidir se há base suficiente para apresentar denúncia formal contra Bolsonaro. Caso isso ocorra, o ex-presidente poderá responder criminalmente pelo crime de peculato, que prevê pena de reclusão de dois a doze anos, além de multa.

A investigação tem foco especial em identificar quem custeou os trios elétricos usados nas manifestações de 7 de setembro, elemento considerado central para verificar o possível uso irregular de dinheiro público com fins eleitorais. A análise da origem dos recursos é um ponto chave para definir se houve abuso de poder econômico ou desvio de finalidade na utilização desses valores, que ajudariam a impulsionar a campanha eleitoral de Bolsonaro de forma ilícita.

Silas Malafaia, conhecido aliado de Jair Bolsonaro, tornou-se uma figura de destaque no contexto político e religioso, o que amplia o interesse dos investigadores sobre seu papel e eventuais conexões financeiras com a organização dos atos. A dificuldade em contatá-lo acrescenta complexidade à apuração, uma vez que seu depoimento poderia esclarecer pontos fundamentais do inquérito.

A Polícia Federal segue em diligências para aprofundar a investigação, que envolve também outros possíveis envolvidos na estruturação e financiamento das manifestações. O procedimento está sendo conduzido com cautela, pois envolve a apuração de fatos sensíveis que impactam diretamente no cenário político nacional e que têm repercussão na imagem pública das autoridades investigadas.

A repercussão do episódio reforça o clima de tensão política que ainda cerca a gestão de Bolsonaro e seus aliados, em meio a um contexto eleitoral em que a transparência e a lisura das campanhas são questões prioritárias para a sociedade e para o sistema jurídico. A expectativa é que a apuração avance com a coleta de mais informações, documentos e depoimentos, buscando elucidar os fatos de forma detalhada e responsável.

Até o momento, além da tentativa frustrada de intimação de Malafaia, não há informações públicas sobre outras medidas tomadas para garantir a presença de testemunhas e envolvidos no inquérito, mas a Polícia Federal mantém o empenho em prosseguir com o trabalho investigativo. O caso segue sob acompanhamento rigoroso por parte do Supremo Tribunal Federal, que tem o papel de garantir a regularidade processual e o respeito aos direitos constitucionais dos investigados.

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