sexta-feira, 20 de junho de 2025

SUPERFATURAMENTO COM SOBREPREÇO DE ATÉ 2.180% COMPLICA VIDA DO PREFEITO BATITÉ EM SÃO BENTO DO UNA

O prefeito de São Bento do Una, Alexandre Batité (MDB), enfrenta um dos episódios mais críticos de sua trajetória política, já em seu segundo mandato à frente da administração municipal. Um contrato no valor de R$ 2,9 milhões, firmado para a compra de kits de robótica destinados às escolas públicas do município, está no centro de um escândalo confirmado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). A corte identificou graves irregularidades, incluindo superfaturamento de 2.180%, direcionamento de licitação e pagamentos por produtos que não chegaram a ser entregues.

A denúncia que deu origem à investigação foi feita pelo vereador Sidcley do Hospital (Republicanos), que apontou fortes indícios de favorecimento à empresa contratada e alertou sobre a discrepância nos preços praticados. Segundo o relatório técnico do TCE-PE, parte dos kits foi paga por R$ 424 mil, enquanto materiais semelhantes poderiam ter sido adquiridos por apenas R$ 18 mil no mercado. O documento ainda revelou que os kits continuavam encaixotados meses após a compra, sem qualquer sinal de uso pedagógico, armazenados em escolas municipais de forma improvisada.

Outro ponto gravíssimo identificado foi o fato de que a própria empresa vencedora da licitação elaborou o termo de referência, documento que deveria ser feito pela prefeitura para nortear o processo licitatório. Esse tipo de prática é ilegal e compromete a lisura da concorrência, além de ferir os princípios constitucionais da administração pública, como legalidade, moralidade e impessoalidade. O direcionamento favoreceu claramente o fornecedor, anulando a competitividade do certame.

Diante dos achados, o conselheiro Ranilson Ramos, relator do caso, determinou a suspensão imediata do contrato por meio de medida cautelar. Com isso, a prefeitura ficou impedida de efetuar novos pagamentos e também foi obrigada a interromper qualquer movimentação financeira relacionada à contratação até a deliberação final do plenário do TCE-PE. A decisão teve repercussão intensa tanto no meio político quanto na sociedade civil local, gerando cobranças por parte de educadores, entidades comunitárias e cidadãos atentos à aplicação dos recursos públicos.

A justificativa inicial da gestão de Batité era de que os kits representavam um investimento em inovação e tecnologia para as escolas municipais. No entanto, diante da descoberta de que os equipamentos sequer foram entregues adequadamente e que seu valor foi inflado de forma escandalosa, a credibilidade do projeto e da própria administração entrou em xeque. O escândalo ainda levanta dúvidas sobre outras contratações feitas ao longo dos dois mandatos do prefeito, provocando uma onda de desconfiança generalizada.

A situação tem impacto direto no ambiente político do município, especialmente porque Batité, mesmo sem possibilidade de nova reeleição, atua como liderança influente na tentativa de eleger seu sucessor nas eleições de 2024. O desgaste provocado pelo episódio dos kits de robótica pode enfraquecer seu grupo político, minar alianças e alimentar o discurso da oposição, que já explora o caso como símbolo de desgoverno e má gestão do dinheiro público. Nos bastidores, aliados temem que o processo avance para esferas judiciais e resulte em responsabilizações civis, administrativas ou até penais, dependendo da conclusão das investigações.

Com a imagem pública abalada e a pressão popular em alta, Alexandre Batité vive, agora, um momento de turbulência institucional que poderá marcar negativamente sua biografia política. O superfaturamento de kits que deveriam beneficiar a educação municipal tornou-se um problema de grandes proporções, com potencial para comprometer não apenas o presente da gestão, mas também o futuro político de um grupo que até pouco tempo se apresentava como símbolo de renovação na região do Agreste.

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