sábado, 12 de julho de 2025

ANÁLISE DETALHADA: COMO TRUMP, EDUARDO BOLSONARO E O CONGRESSO DERAM DE PRESENTE A REELEIÇÃO PARA LULA

Por Edney Souto

Nos bastidores da política, um velho ditado sempre se confirma: nada é tão ruim que não possa mudar — e nem tão bom que dure para sempre. Lula, que vinha em baixa, com dificuldades de se reconectar com a população e enfrentando um Congresso cada vez mais hostil, viveu uma reviravolta inesperada. E essa virada veio justamente de onde ele menos esperava: da oposição, do Congresso e de Donald Trump.

Até poucos dias atrás, o clima era pesado para o presidente. A economia não empolgava, a popularidade seguia em baixa, e os partidos do centrão já flertavam com a ideia de pular fora do governo antes de 2026. Lula estava perdendo a disputa das narrativas nas redes sociais — e, como sabemos, hoje em dia, quem perde a comunicação perde muito mais que votos.

Mas tudo mudou quando o Congresso decidiu derrubar o decreto do governo que aumentaria o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os mais ricos. Na prática, essa decisão protegeu os mais abastados de pagar mais imposto — algo que vai na contramão do que o povo mais simples deseja: justiça tributária. Esse erro estratégico caiu como uma luva no colo de Lula, que rapidamente passou a ser visto como o defensor dos pobres contra os “ricos protegidos pelo Congresso”.

O governo então, com aval do próprio Lula, lançou uma ofensiva nas redes sociais, usando a hashtag “Congresso inimigo do povo”. Essa campanha começou a ganhar força e reverter o desgaste do presidente, colocando a classe política tradicional como vilã e Lula novamente como herói dos mais humildes. Além disso, voltaram com força temas como a escala 6x1 para trabalhadores e a promessa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil — temas populares e de forte apelo eleitoral.

E aí veio o “presente de ouro” para Lula: Donald Trump. Em um gesto sem precedentes, o presidente dos Estados Unidos, em tom de ameaça, afirmou que os produtos brasileiros poderiam sofrer uma tarifa de até 50% se o Judiciário não aliviasse a barra de Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado. A chantagem internacional causou revolta geral no Brasil — até mesmo entre setores que estavam distantes de Lula, como o agronegócio e parte do empresariado.

O resultado disso? Lula virou vítima de uma interferência externa absurda, ganhou apoio por se posicionar em defesa da soberania nacional e abriu uma ponte com segmentos que antes o viam com desconfiança. Ele virou, ao mesmo tempo, “pai dos pobres” e “defensor da pátria”. Uma narrativa poderosa, sobretudo quando o adversário (neste caso, o bolsonarismo) aparece disposto a prejudicar o próprio país só para livrar a cara de seu líder.

E Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, também colaborou — para Lula. Ao se alinhar diretamente com Trump e com a proposta de punição ao Brasil caso o pai fosse condenado, Eduardo ajudou a deixar claro para a população que os bolsonaristas priorizam seus próprios interesses acima do bem-estar do país. Muitos eleitores enxergaram isso como traição à pátria.

Com isso, o jogo virou. Em questão de dias, Lula recuperou terreno perdido e passou a liderar a narrativa pública. Ele ainda enfrenta muitos desafios, claro, mas agora tem um novo discurso, renovado, com força popular: o da justiça social e do patriotismo.

Em resumo, o Congresso que queria enfraquecer Lula acabou fortalecendo sua imagem com o povo. E Trump, tentando ajudar Bolsonaro, acabou dando a Lula o discurso mais forte que ele poderia sonhar para a campanha de 2026. Política é mesmo uma roda-gigante — e, nesse momento, Lula está lá em cima, olhando para todos que tentaram derrubá-lo. É isso!


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