quinta-feira, 31 de julho de 2025

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DETRANS DEFENDE DEBATE TÉCNICO SOBRE PROPOSTA QUE ACABA COM AULAS OBRIGATÓRIAS PARA CNH

A proposta do governo federal de flexibilizar a exigência de aulas em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) tem gerado reações em diferentes setores ligados à segurança viária e à formação de condutores. Depois da manifestação da Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto), agora é a Associação Nacional dos Detrans (AND) que se posiciona sobre o tema. Embora não tenha adotado um tom abertamente contrário à ideia, a entidade demonstrou preocupação com os rumos da iniciativa e alertou para a necessidade de um debate mais amplo e técnico antes de qualquer avanço. A proposta, que está sendo conduzida diretamente pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, ainda depende de aval do Palácio do Planalto e, portanto, da chancela do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A AND tem se movimentado nos bastidores e articula um encontro com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e o próprio ministro Renan Filho. A entidade afirma que esse diálogo é essencial para que o assunto seja tratado com a seriedade e profundidade que exige, uma vez que envolve diretamente a segurança nas vias do país. Embora a proposta ainda não tenha sido oficialmente comunicada à associação, o teor das declarações do Ministério dos Transportes tem sido acompanhado com atenção. O principal ponto defendido pela AND é que qualquer mudança no processo de formação de condutores precisa priorizar a qualidade do ensino e o preparo dos futuros motoristas.

Ao mesmo tempo, a entidade reconhece que o custo elevado para obtenção da CNH representa um obstáculo significativo, especialmente para jovens de baixa renda. Essa preocupação é compartilhada por diversos especialistas e pela própria população, que há anos reclama dos altos valores cobrados pelas autoescolas. Contudo, para a AND, a solução não pode ser simplesmente eliminar as aulas obrigatórias sem apresentar uma alternativa robusta que assegure a formação adequada dos condutores. O equilíbrio entre acessibilidade e responsabilidade, segundo a associação, é o grande desafio da proposta em discussão.

Mesmo evitando um embate direto com o governo, a manifestação da AND representa mais um sinal de que a ideia não encontrará consenso fácil. A defesa pela participação de especialistas e da sociedade organizada no debate evidencia o grau de complexidade envolvido. A formação de condutores no Brasil passa por uma estrutura regulada, com padrões mínimos estabelecidos para garantir que o novo motorista tenha noções básicas de legislação, direção defensiva, primeiros socorros e prática ao volante. Alterar essa lógica sem planejamento pode acarretar riscos que ainda não foram totalmente dimensionados.

A expectativa agora é de que o governo federal avance no diálogo com as entidades envolvidas. A reação da AND, ao lado da já conhecida oposição da Feneauto, tende a pressionar o Ministério dos Transportes a detalhar melhor sua proposta e apresentar justificativas técnicas que sustentem a mudança. Ainda que o objetivo declarado seja reduzir custos e ampliar o acesso à CNH, a ausência de informações mais claras e de um plano de transição consistente tem gerado insegurança. Nos corredores da Senatran, a discussão já é tratada com cautela. Setores ligados à segurança viária lembram que o Brasil ainda registra altos índices de acidentes de trânsito, muitos deles causados por imperícia ou imprudência, o que torna qualquer debate sobre formação de condutores ainda mais sensível.

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