terça-feira, 22 de julho de 2025

BOLSONARO PROMETE FICAR CALADO ATÉ MORAES DETERMINAR O QUE ELE PODE OU NÃO FAZER

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou, nesta terça-feira (22), uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando que ele permanecerá em silêncio até que a Corte esclareça os limites exatos das medidas cautelares que o impedem de utilizar redes sociais, seja de forma direta ou indireta. A posição foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga o ex-presidente por supostas tentativas de abalar a ordem democrática e promover desinformação. No documento, assinado pelos advogados Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno, a defesa sustenta que Bolsonaro está cumprindo rigorosamente as determinações judiciais e que não houve qualquer violação das restrições impostas. O episódio que motivou a intimação foi a divulgação de um vídeo nas redes sociais em que Bolsonaro aparece durante visita à Câmara dos Deputados, na segunda-feira (21), falando com parlamentares e exibindo a tornozeleira eletrônica determinada por ordem judicial. Moraes entendeu que o conteúdo poderia caracterizar possível descumprimento das medidas cautelares, o que levou à cobrança de explicações formais por parte da defesa. Os advogados negam que Bolsonaro tenha publicado o vídeo ou solicitado que outras pessoas o fizessem em seu nome. Afirmam ainda que o ex-presidente não teve acesso às suas redes sociais e proibiu que membros da sua equipe postassem qualquer conteúdo vinculado a ele. A peça jurídica afirma que, enquanto não houver um esclarecimento específico por parte do Supremo, Bolsonaro manterá silêncio absoluto em respeito à decisão da Corte. Segundo o texto protocolado, trata-se de uma medida preventiva tomada com cautela, a fim de evitar qualquer interpretação dúbia sobre eventual descumprimento. O posicionamento da defesa ocorre em meio ao endurecimento do cerco judicial ao ex-presidente, que já acumula decisões que restringem sua movimentação, comunicação e presença em eventos públicos. A estratégia de permanecer em silêncio até um pronunciamento mais claro de Moraes também tem como objetivo demonstrar que Bolsonaro, neste momento, opta por agir dentro dos limites legais para evitar novos embates com o Judiciário. A defesa sustenta que não há qualquer evidência de que ele tenha incitado a publicação do vídeo e afirma que a gravação foi feita por terceiros e publicada de forma espontânea nas redes. Mesmo com a aparição pública na Câmara, os advogados insistem que ele se limitou a dialogar com apoiadores e não fez uso de meios digitais, o que, segundo eles, mantém a obediência à ordem judicial. A manifestação também tenta reforçar a imagem de um Bolsonaro colaborativo com o processo judicial, em contraste com as acusações de desobediência reiterada que lhe foram atribuídas em outros momentos do inquérito. Ao reiterar que Bolsonaro orientou sua equipe a não usar suas redes sociais e que se mantém afastado desses canais, a defesa busca evitar que novas medidas cautelares ou penalidades mais duras sejam adotadas. Além disso, o documento tem como pano de fundo a crescente tensão entre o Poder Judiciário e setores da oposição, que vêm acusando o STF de impor restrições políticas ao ex-presidente. A manifestação enviada por Vilardi e Bueno representa, assim, uma tentativa de reposicionamento estratégico da defesa, diante de uma conjuntura delicada que envolve não apenas a legalidade das ações de Bolsonaro, mas também sua imagem pública e seu futuro político.

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