As imagens que circulam nas redes sociais e foram enviadas por próprios aliados do prefeito, cacique Marcos, expõem a dura realidade. Pessoas que se declaram eleitoras fiéis do gestor aparecem utilizando enxadas, baldes e barro para tentar amenizar os efeitos da buraqueira. Os relatos apontam que veículos pequenos mal conseguem trafegar, e idosos têm dificuldade até para caminhar em segurança. Mesmo assim, o cacique Marcos, chefe do Executivo local, se encontra em agendas políticas e de feiras turisticas distantes — São Paulo, Brasília, Recife e outros destinos — onde se apresenta como líder de uma gestão modelo e vendedora de um turismo religioso que só existe no discurso oficial.
Em contraste com esse marketing institucional, Cimbres agoniza. A vila, que deveria ser referência de turismo de fé e religiosidade, transformou-se em ruínas. O acesso à vila está comprometido, a infraestrutura básica inexistente, e os moradores vivem mergulhados em condições de miséria. O sentimento de revolta é visível nos vídeos e nos áudios enviados por moradores: muitos deles dizem que já não acreditam mais em promessas e que só são lembrados no período eleitoral, quando seus votos voltam a ser disputados com migalhas e favores temporários. A realidade nua e crua se impõe aos visitantes: Cimbres, hoje, mais parece cenário de um faroeste abandonado do que um centro de peregrinação.
Mais grave ainda é o desperdício do potencial humano local. Artesãos, bordadeiras, agricultores e jovens com vocação artística e cultural vivem à margem, sem apoio, sem capacitação e sem estrutura para escoar sua produção. A cultura, o talento e a fé, que deveriam ser alicerces para o desenvolvimento da vila, estão sendo sufocados pela omissão do poder público. A romaria de Nossa Senhora de Cimbres, que atrai devotos de várias regiões, é mantida com sacrifício pelos próprios fiéis, sem nenhum investimento sistemático do município.
Cimbres já teve dias melhores. Já foi símbolo de esperança, lugar de encontros místicos e religiosos, ponto de acolhimento espiritual. Hoje, tornou-se símbolo da falência de um projeto de cidade que prometeu colocar Pesqueira no mapa do turismo nacional, mas que só se sustenta à base de discursos. O que se vê, ano após ano, é o distanciamento crescente entre a propaganda e a realidade, entre o que se vende fora e o que se abandona dentro. E no meio de tudo isso, está o povo de Cimbres, tentando sobreviver, rezando por dias melhores, e tapando buracos — literalmente — para que a fé não seja atropelada pelo descaso. É isso!
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