terça-feira, 29 de julho de 2025

COLUNA POLÍTICA | NA LUPA 🔎 POR EDNEY SOUTO

HUMBERTO COSTA PERDE A PACIÊNCIA E CARLOS VERAS AVISA: PT NÃO ACEITA SER VICE DE JOÃO CAMPOS
A IMPACIÊNCIA DE HUMBERTO COSTA

O clima dentro do PT pernambucano está quente. O senador Humberto Costa, experiente e acostumado a costurar nos bastidores, desta vez se mostrou impaciente e irritado com os movimentos do PSB. Em reuniões internas, tem demonstrado desconforto crescente com a articulação liderada por João Campos para montar a chapa majoritária de 2026 sem dar ao PT o espaço que historicamente ocupou. Para Humberto, tudo caminha para uma tentativa de isolá-lo — e isso, ele não está disposto a aceitar calado. Vamos girar esse assunto aqui NA LUPA.

O AVISO DE CARLOS VERAS
Carlos Veras, deputado federal e aliado fiel de Humberto, foi o mensageiro de um recado duro e direto: o PT não abre mão da vaga ao Senado. A ideia de ceder o espaço para outro partido, mesmo como vice, foi sumariamente descartada por Veras, que tem repetido aos quatro ventos que o PT tem “tamanho e votos” para disputar o Senado de igual para igual com o PSB. O aviso foi entendido como um ultimato, e não apenas um recado: ou há espaço na cabeça da chapa, ou o clima azeda de vez. Deixou claro ou Márcia Conrado vai terminar o mandato em Serra Talhada até o último dia. A prioridade é Humberto Costa, o dono do PT em Pernambuco. 

O SILÊNCIO DE JOÃO CAMPOS
João Campos, prefeito do Recife e protagonista da articulação para 2026, recebeu o recado com frieza. Embora haja histórico de atritos entre ele e Humberto Costa, João optou por não responder publicamente. Fontes próximas relatam que o socialista está agindo com cálculo político, usando o silêncio como resposta estratégica. João já deixou claro ao presidente Lula, em conversas reservadas, que pretende montar uma chapa ao Senado sem nomes do PT. E, até agora, não deu um passo atrás.

O PROBLEMA CHAMADO FERNANDO DUEIRE
Enquanto Humberto tenta se manter como opção ao Senado, Fernando Dueire, senador pelo MDB, cresce no gosto dos prefeitos e dos bastidores. Diferente de Humberto, Dueire tem mantido presença constante nos municípios, liberando emendas e cultivando base. É hoje considerado por muitos parlamentares como o “senador dos prefeitos”. A comparação entre os dois tem sido inevitável, e, em atuação, Humberto sai perdendo.

UM MANDATO NA CORDINHA
Humberto Costa quer o terceiro mandato de senador como quem pede um reconhecimento automático, sem construir apoios locais sólidos. Sua atuação parlamentar, concentrada em Brasília e distante das bases, só se intensifica nos anos finais de mandato — prática que já não cola mais com o eleitorado atento e exigente. A cada movimento de João Campos, o receio de Humberto aumenta: pode ser que, desta vez, a vaga não venha por gravidade.

A ALMA DO PT EM JOGO
Internamente, o PT vive um dilema. Parte da militância deseja renovação e questiona o “mandonismo” de Humberto. Outros, porém, veem nele uma liderança experiente e intransigente na defesa do partido. Mas o que está claro é que Humberto não vai recuar. Nos bastidores da sigla, quem manda e desmanda ainda é ele. E isso faz com que os aliados mais jovens, como Carlos Veras, sigam sua linha com fidelidade cega, mesmo que custe pontes com outros partidos.

A CHAPA DO PSB E A ESTRATÉGIA DE LULA
João Campos já deixou sinalizado a Lula que o PSB quer autonomia na escolha da chapa majoritária. E Lula, apesar da relação histórica com o PT local, também não pretende forçar alianças desconfortáveis. A prioridade do presidente é garantir palanques estáveis nos estados. E se Humberto for considerado um “problema”, pode acabar escanteado em nome de um projeto nacional mais amplo. A força do PSB em Pernambuco pesa — e muito.

O ÚLTIMO ROUND DE HUMBERTO
Humberto Costa sabe que está jogando o último grande jogo da sua vida política. Comandando os bastidores com mãos firmes, articula, pressiona e acena para todos os lados tentando se manter vivo no jogo. Mas a paciência tem prazo de validade. Se o PSB continuar a ignorá-lo, a resposta pode vir em forma de candidatura própria ou ruptura. A única certeza, por enquanto, é que ele não vai sair de cena sem lutar — até o último minuto, vai tentar dar as cartas. Resta saber se terá quem jogue com ele. É isso aí.

Nenhum comentário: