quarta-feira, 30 de julho de 2025

DOADORA DE R$ 500 MIL À CAMPANHA DE TARCÍSIO É INVESTIGADA PELA PF POR SUSPEITA DE LIGAÇÃO COM O PCC

A campanha eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo, em 2022, ganhou um novo contorno após vir à tona que uma de suas principais doadoras está sendo investigada pela Polícia Federal. A pecuarista Maribel Schmittz Golin, de 59 anos, aparece nas apurações da Operação Mafiusi, deflagrada pela PF no Paraná em dezembro do ano passado, por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país. Segundo os investigadores, Maribel teria realizado ao menos quatro transações financeiras com Willian Barile Agati, considerado peça-chave no esquema e apontado como integrante da organização criminosa.

Maribel doou R$ 500 mil para a campanha de Tarcísio, o que a posicionou como a sexta maior financiadora entre os mais de 600 doadores que contribuíram com o então candidato. Os repasses foram realizados em duas etapas: o primeiro, de R$ 100 mil, via Pix em 26 de agosto de 2022; o segundo, de R$ 400 mil, em 6 de outubro, já durante o segundo turno da eleição, por transferência eletrônica. Os dados constam na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral. Curiosamente, não há registro de que a pecuarista tenha apoiado financeiramente qualquer outro candidato naquele pleito.

Apesar da citação de seu nome nos relatórios da Polícia Federal, Maribel negou envolvimento com os crimes investigados. Em contato com a Folha de S.Paulo, ela afirmou, em uma breve mensagem por WhatsApp, que não tem “nenhum tipo de envolvimento com isso”. A reportagem aguardava posicionamento de sua assessoria, que não retornou até a publicação. Por sua vez, a equipe de comunicação de Tarcísio informou que o governador não possui vínculo com a doadora e desconhece qualquer conduta ilegal por parte dela, reforçando que as contribuições seguiram as normas legais e foram devidamente declaradas.

Outro ponto que reacende questionamentos sobre a estrutura de campanha de Tarcísio é a participação de seu cunhado, Maurício Pozzobon Martins, que foi o responsável pelo controle financeiro da candidatura. Após a vitória eleitoral, Tarcísio tentou nomeá-lo para um cargo no Palácio dos Bandeirantes, mas recuou após acusações de nepotismo. Hoje, Pozzobon Martins atua no gabinete do deputado estadual Danilo Campetti (Republicanos), aliado próximo do governador e ligado à base bolsonarista paulista. As ligações entre os financiadores e a organização da campanha agora passam a ser observadas com maior atenção, à medida que avançam as investigações da Polícia Federal sobre as conexões financeiras do PCC no sistema político.

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