sábado, 12 de julho de 2025

EDUARDO BOLSONARO CRITICA TARCÍSIO E DIZ QUE RETIRADA DE TARIFAS DOS EUA ENFRAQUECE PRESSÃO POR ANISTIA

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiu com veemência ao anúncio do fim das tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, a produtos brasileiros. Em uma publicação feita nas redes sociais nesta sexta-feira, Eduardo comparou o recuo norte-americano a uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, expressão que vem sendo utilizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para pressionar por um perdão judicial que abarque os envolvidos em processos e investigações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023 e outras ações consideradas antidemocráticas. A crítica surgiu logo após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), divulgar que esteve reunido com o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, com quem discutiu alternativas de negociação para as tarifas e reforçou o compromisso de manter o diálogo com o empresariado paulista. Tarcísio afirmou que irá trabalhar com base em dados concretos, defendendo que “narrativas não resolverão o problema” e que a responsabilidade por soluções caberia a quem governa. A publicação do governador gerou desconforto imediato entre setores mais radicalizados do bolsonarismo, especialmente Eduardo, que teria manifestado irritação a aliados, interpretando o gesto como uma tentativa de esvaziar a pauta da anistia, prioridade para o grupo mais próximo de Jair Bolsonaro. Na sua publicação, Eduardo Bolsonaro declarou que qualquer negociação sem uma mudança de postura política no Brasil seria inócua e comparou a retirada das tarifas a um acordo “caracu”, termo pejorativo usado por militares nos anos 1980 para designar concessões unilaterais. O parlamentar acrescentou que, sem uma anistia que reestabeleça a elegibilidade de Bolsonaro e proteja seus aliados, o país caminhará rumo àquilo que ele chamou de “Brazuela”, numa referência depreciativa à combinação entre Brasil e Venezuela. Apesar da crítica pública, fontes próximas a Tarcísio afirmam que ele e Eduardo mantêm uma boa relação e que os dois conversaram por videochamada de maneira cordial na quinta-feira, data em que o deputado comemorou seu aniversário. A reunião com Escobar, porém, foi lida dentro do núcleo duro bolsonarista como um sinal de que Tarcísio começa a traçar seu próprio caminho político, abrindo espaço para agendas menos alinhadas ao discurso de confronto institucional que ainda move parte da base bolsonarista. Nos bastidores, o gesto também é interpretado como mais um capítulo da crescente tensão entre diferentes correntes da direita, entre os que defendem a reconstrução institucional e econômica por meio de articulações e os que mantêm a fidelidade absoluta a Jair Bolsonaro e à estratégia de enfrentamento direto com o Judiciário e com os adversários políticos.

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