Gilson Machado, aliado de Bolsonaro e amigo próximo de Trump, critica tarifa de 50% e alerta para agravamento da crise entre Brasil e EUA
Em meio à crescente tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, voltou aos holofotes ao criticar de forma contundente a tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros. Machado, que cumpre prisão domiciliar no Recife por decisão do ministro Alexandre de Moraes, declarou em entrevista exclusiva que a medida adotada por Donald Trump – agora presidente em exercício dos EUA – representa um grave erro estratégico que trará prejuízos bilaterais. “Essa tarifa fere as duas nações. Vai desestimular negócios, travar cadeias produtivas e destruir empregos em ambos os lados. É uma medida desnecessária que precisa ser revogada com urgência”, afirmou.Gilson, um dos poucos brasileiros a se hospedar na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, tanto antes quanto depois da posse do republicano em janeiro deste ano, disse ainda que o movimento tarifário não reflete os princípios da direita brasileira, tampouco seria uma ideia oriunda do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Estão tentando responsabilizá-lo, mas Bolsonaro é vítima dessa armadilha. O verdadeiro gatilho foi puxado pelo governo Lula, que revogou a dispensa de visto para americanos, sinalizou apoio a regimes como China, Irã e Hamas, e atacou diretamente Trump em várias frentes diplomáticas”, disse.
Segundo o ex-ministro, a decisão de Trump tem peso político e simbólico. Ele comparou o tratamento dado ao Brasil ao que os EUA costumam aplicar a países considerados antidemocráticos. “A tarifa de 50% é a mesma que foi usada contra Cuba, Venezuela e Rússia. Hoje, infelizmente, o Brasil se aproxima desse patamar. Vivemos um momento de censura, perseguição, jornalistas no exílio e prisões arbitrárias. Eu mesmo sou um exemplo disso, estou preso sem processo concluso, sem condenação formal. É um cenário de ruptura com o Estado de Direito”, disparou.
Machado destacou que o atual presidente americano costuma emitir avisos antes de agir com dureza, e lembrou que Trump deu prazo até o dia 1º de agosto para que o Brasil reveja sua postura geopolítica e adote sinais de recuo. “Ele fez o mesmo com o Irã antes de atacar alvos estratégicos. Não é brincadeira. Trump não age por impulso. Ele avisa antes de agir. E esse aviso ao Brasil é sério”, alertou, frisando que, embora não estejamos diante de um conflito bélico, os efeitos das retaliações podem ser devastadores no campo econômico e comercial.
Apesar do tom crítico, Gilson Machado sinalizou que ainda existe margem para negociação. Segundo ele, a carta enviada por Trump ao presidente Lula lista pontos objetivos que, se considerados, podem reverter a decisão tarifária. “Trump tem histórico de dar um passo atrás quando há espaço para diálogo e reciprocidade. O Brasil precisa interpretar corretamente esse recado e agir rápido. A continuidade dessa política pode selar a exclusão do Brasil de mercados-chave nos EUA”, declarou.
Enquanto setores diplomáticos tentam amenizar o clima, Machado continua sendo uma voz influente nos bastidores da relação entre os dois países. Mesmo confinado em sua residência, o ex-ministro articula, envia recados e se apresenta como elo entre o bolsonarismo e a nova fase do trumpismo. Seu posicionamento, alinhado à ala mais conservadora da política internacional, revela não apenas uma preocupação econômica, mas uma leitura política do atual momento: “Não se trata só de comércio. Trata-se de soberania, alinhamento e defesa da liberdade. Trump mostrou isso ao mundo. O Brasil precisa escutar.”
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