Esse crescimento, segundo a leitura que circula entre lideranças do PL, estaria diretamente relacionado à resposta rápida do governo brasileiro à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos, anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump em sua plataforma eleitoral. A decisão de Trump afeta diretamente setores importantes da economia brasileira, especialmente o agronegócio e a indústria do aço. Lula, ao reagir com firmeza e posicionar o Brasil como defensor da soberania e da justiça comercial internacional, reforçou sua imagem de líder combativo e atento aos interesses nacionais. A narrativa de que “os ricos estão incomodados porque o governo voltou a olhar para os pobres” tem ganhado espaço, especialmente nas redes sociais e nos discursos públicos do presidente.
No entanto, dentro do PL, o avanço de Lula ainda não é tratado com alarme. A avaliação predominante entre aliados de Bolsonaro é que o crescimento do presidente pode ter atingido um teto momentâneo e não deve ultrapassar os atuais dois pontos de vantagem. Mesmo assim, há um desconforto crescente em relação aos possíveis efeitos políticos que o chamado “tarifaço de Trump” pode provocar no Brasil. O receio é que a retaliação norte-americana, que vinha sendo usada por setores bolsonaristas para alimentar críticas ao atual governo, possa acabar se voltando contra o próprio ex-presidente, dada sua proximidade com o republicano norte-americano e sua defesa constante do alinhamento automático com os EUA.
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro já admitem que a narrativa nacionalista adotada por Lula pode ter mais apelo do que o esperado, principalmente se os impactos das tarifas forem sentidos no bolso do cidadão comum. A conexão entre o discurso contra a elite econômica, a defesa do produtor nacional e a crítica ao intervencionismo estrangeiro começa a ressoar positivamente entre eleitores indecisos. Embora o PL insista que a vantagem petista é limitada e temporária, o ambiente interno do partido é de observação cautelosa. O efeito político do embate comercial ainda é uma incógnita, mas já provoca inquietação entre aqueles que apostavam em um desgaste acelerado de Lula nos próximos meses.
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