A situação, embora pareça pontual, é apenas o retrato de um problema recorrente que vem se agravando nos últimos meses. De acordo com os moradores, o aumento do tráfego de veículos pesados na região, em razão da construção de um condomínio residencial, tem transformado o acesso à comunidade em um verdadeiro lamaçal. Caminhões basculantes, tratores e outros veículos de grande porte circulam com frequência pela via estreita e sem pavimentação, tornando o solo cada vez mais instável, especialmente após chuvas.
Com o terreno encharcado e escorregadio, o transporte escolar enfrenta dificuldades em dias de tempo instável, colocando em risco não apenas a frequência escolar dos estudantes, mas também a segurança dos motoristas e passageiros. Algumas mães relataram que, na tentativa de não faltar aula, os filhos precisaram descer a pé por trechos íngremes e escorregadios, correndo o risco de quedas. Outras famílias decidiram não arriscar e mantiveram as crianças em casa.
Em julho, diante do agravamento da situação, os moradores organizaram um protesto às margens da estrada. Munidos de cartazes e pneus queimados, interditaram a via como forma de chamar a atenção da prefeitura e da construtora responsável pelas obras. Representantes da empresa compareceram ao local acompanhados de engenheiros e, segundo os moradores, prometeram realizar intervenções para garantir o tráfego seguro durante a execução do empreendimento. Contudo, mais de um mês depois, nenhuma ação concreta foi realizada.
Enquanto isso, a comunidade segue enfrentando os mesmos problemas. Além do impacto na educação das crianças, a lama dificulta o deslocamento de trabalhadores, o acesso de ambulâncias e até mesmo a chegada de serviços básicos como coleta de lixo e entregas. Para quem precisa sair de casa antes do amanhecer, o barro torna-se um obstáculo quase intransponível, especialmente para idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. Muitos têm improvisado com tábuas, pedras e até sacos de areia para tentar contornar o lamaçal em frente às residências.
A sensação de abandono é constante entre os moradores, que cobram uma solução urgente por parte da prefeitura de Jaboatão e uma responsabilidade mais ativa da construtora. O que era para ser um projeto de urbanização e desenvolvimento está, na prática, provocando isolamento e prejuízos sociais à comunidade vizinha. Enquanto as máquinas seguem trabalhando a pleno vapor no canteiro de obras do futuro condomínio, os moradores de Cova de Onça Alto esperam, em meio à lama, por um mínimo de dignidade e infraestrutura.
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