quinta-feira, 31 de julho de 2025

MORADORES DE COVA DE ONÇA ALTO ENFRENTAM LAMA E ISOLAMENTO POR CAUSA DE OBRAS DE CONDOMÍNIO EM JABOATÃO

A rotina dos moradores da comunidade de Cova de Onça Alto, localizada no bairro do Curado, em Jaboatão dos Guararapes, tem sido marcada por dificuldades de locomoção, especialmente nos dias de chuva. Nesta quinta-feira (31), mais um episódio evidenciou o descaso enfrentado por quem vive na área: o transporte escolar não conseguiu subir a principal ladeira de acesso à localidade por causa da grande quantidade de lama acumulada na estrada. O resultado foi que dezenas de alunos, da rede municipal e estadual, ficaram sem poder frequentar a escola.

A situação, embora pareça pontual, é apenas o retrato de um problema recorrente que vem se agravando nos últimos meses. De acordo com os moradores, o aumento do tráfego de veículos pesados na região, em razão da construção de um condomínio residencial, tem transformado o acesso à comunidade em um verdadeiro lamaçal. Caminhões basculantes, tratores e outros veículos de grande porte circulam com frequência pela via estreita e sem pavimentação, tornando o solo cada vez mais instável, especialmente após chuvas.

Com o terreno encharcado e escorregadio, o transporte escolar enfrenta dificuldades em dias de tempo instável, colocando em risco não apenas a frequência escolar dos estudantes, mas também a segurança dos motoristas e passageiros. Algumas mães relataram que, na tentativa de não faltar aula, os filhos precisaram descer a pé por trechos íngremes e escorregadios, correndo o risco de quedas. Outras famílias decidiram não arriscar e mantiveram as crianças em casa.

Em julho, diante do agravamento da situação, os moradores organizaram um protesto às margens da estrada. Munidos de cartazes e pneus queimados, interditaram a via como forma de chamar a atenção da prefeitura e da construtora responsável pelas obras. Representantes da empresa compareceram ao local acompanhados de engenheiros e, segundo os moradores, prometeram realizar intervenções para garantir o tráfego seguro durante a execução do empreendimento. Contudo, mais de um mês depois, nenhuma ação concreta foi realizada.

Enquanto isso, a comunidade segue enfrentando os mesmos problemas. Além do impacto na educação das crianças, a lama dificulta o deslocamento de trabalhadores, o acesso de ambulâncias e até mesmo a chegada de serviços básicos como coleta de lixo e entregas. Para quem precisa sair de casa antes do amanhecer, o barro torna-se um obstáculo quase intransponível, especialmente para idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. Muitos têm improvisado com tábuas, pedras e até sacos de areia para tentar contornar o lamaçal em frente às residências.

A sensação de abandono é constante entre os moradores, que cobram uma solução urgente por parte da prefeitura de Jaboatão e uma responsabilidade mais ativa da construtora. O que era para ser um projeto de urbanização e desenvolvimento está, na prática, provocando isolamento e prejuízos sociais à comunidade vizinha. Enquanto as máquinas seguem trabalhando a pleno vapor no canteiro de obras do futuro condomínio, os moradores de Cova de Onça Alto esperam, em meio à lama, por um mínimo de dignidade e infraestrutura.

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