quarta-feira, 9 de julho de 2025

RAQUEL LYRA ELEVA O TOM CONTRA OPOSIÇÃO E ACUSA TRAVAS POLÍTICAS NA ASSEMBLEIA DURANTE AGENDA NA MATA NORTE


A governadora Raquel Lyra (PSD) intensificou o tom de enfrentamento político durante mais uma etapa de sua extensa agenda na Mata Norte de Pernambuco nesta terça-feira (8). Em meio a inaugurações e anúncios de obras, a chefe do Executivo estadual usou os palanques para criticar abertamente os entraves que, segundo ela, vêm sendo impostos por setores da oposição, especialmente no que diz respeito à tramitação de empréstimos estratégicos na Assembleia Legislativa do Estado. Com a propaganda institucional do governo impedida por força da legislação eleitoral, Raquel tem feito dos eventos públicos verdadeiros canais diretos com a população para apresentar sua prestação de contas e reforçar a narrativa de que sua gestão está sendo travada por interesses políticos.

Durante a inauguração da rodovia PE-062, Raquel se dirigiu novamente aos que, segundo ela, abandonaram o estado em gestões passadas. Com um discurso carregado de críticas e ironias, afirmou que Pernambuco foi deixado à própria sorte e cobrou coerência daqueles que hoje tentam cobrar ações de um governo que, em sua visão, tem pouco tempo de atuação diante de um histórico de omissões. “Deixaram a gente de lado, abandonaram Pernambuco. Esse tempo passou. Quem teve a oportunidade de fazer e não fez, não venha nos cobrar em dois anos aquilo que não fizeram em mais de década”, disse, num claro recado a forças políticas que ocuparam o poder estadual por longos anos, em alusão indireta ao PSB.

A governadora também usou o momento para denunciar o que considera um bloqueio deliberado à liberação de recursos. Ela citou os empréstimos que aguardam votação nas comissões da Alepe e sugeriu que o atraso tem motivações políticas. “Tem mais dinheiro para sair na Assembleia Legislativa. Vamos para cima, porque cada real sagrado do nosso povo é investido em mais esperança para a nossa gente”, completou, sendo aplaudida por lideranças locais e correligionários. A fala marca uma mudança importante no estilo de comunicação de Raquel, que tem sido acusada por adversários de se esquivar do embate político e de manter uma postura tecnocrática e distante das disputas partidárias. O novo tom, no entanto, reflete a pressão crescente da pré-campanha municipal e da disputa de protagonismo com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), principal figura de oposição a seu projeto estadual.

Embora negue estar com os olhos voltados para 2026, Raquel tem intensificado sua presença em municípios estratégicos, sobretudo na Região Metropolitana, onde Campos exerce forte influência. O antagonismo entre os dois, embora ainda não assumido formalmente, tem se desenhado com cada vez mais nitidez, especialmente nas entrelinhas dos discursos. A polarização, que antes era velada, agora toma contornos de disputa direta, com Raquel tentando consolidar seu espaço nos rincões do estado e fortalecer sua base em áreas que tradicionalmente votam com o PSB. A estratégia inclui entregar obras antes do previsto e reforçar sua imagem como gestora eficiente e independente de interesses empresariais.

Ao inaugurar a rodovia PE-062, uma das principais vias de ligação da Mata Norte, Raquel fez questão de destacar o tempo recorde da execução da obra e a qualidade da entrega, aproveitando para se distanciar de velhas práticas de governos anteriores. “Vale a pena apostar na política, mas não é qualquer tipo de política. É a política que a gente faz de um jeito diferente. A gente aqui não engana a população. O que a gente promete, a gente cumpre. Em 10 meses de obra está pronta, entregue antes do tempo previsto no contrato”, afirmou. Em seguida, alfinetou com mais contundência: “E obra de qualidade, porque eu não sou sócia de empreiteira nenhuma, nem fornecedor nenhum em Pernambuco”.

As declarações da governadora soam como resposta direta aos que a acusam de fazer um governo fechado, sem articulação política e com dificuldades de diálogo com a Assembleia. Em seu discurso, Raquel busca reposicionar sua imagem: de uma gestora técnica, que evitava o embate, para uma líder que enfrenta o sistema e denuncia as barreiras que tentam impor ao seu governo. Ao mesmo tempo, a governadora reforça uma ideia de ruptura com práticas antigas, sugerindo que sua gestão é pautada por transparência, celeridade e compromisso com a população. As falas desta terça-feira, assim como as do dia anterior em Jaboatão, sinalizam que a política, ainda que negada em palavras, passou a ocupar o centro da estratégia de Raquel Lyra.

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