terça-feira, 15 de julho de 2025

VIAGEM NO TEMPO - A EQUIPE BAGACEIRA DE GARANHUNS: LEMBRANÇAS DE UM TEMPO QUE O TEMPO LEVOU

RECEBI ESSA FOTO DO AMIGO RICARDO, HOJE POLICIAL CIVIL, E VIAJEI NO TEMPO

Era o início da década de 1990 e o Agreste fervilhava em ritmo de forró, trios elétricos, vaquejada e juventude solta nos ventos e eventos. Em Garanhuns, um grupo de amigos escrevia sua própria história nas ruas de paralelepípedo, nos bares cheios de riso e nas festas que pareciam não ter hora pra acabar. Edney, Edmar, Bruno, Ricardo, Niltinho, Jansen, Nil, Abraão, Kedson, Geovani, Breno, Kaká, Galo Cego, Joselito, Zé Rodrigues, Dagata, Rafael, Jason, Franklin, Walter... e tantos outros que, se não estão mais na lembrança imediata, estão guardados na alma de um quase cinquentão. Eram jovens destemidos, donos de uma alegria quase indomável, daqueles que não perdiam uma chance de rodar o estado atrás de um arrasta-pé, uma micareta, um baile, um lugar pra meter o som do carro, uma seresta, uma resenha, ou qualquer encontro onde o riso era certo e a farra, garantida.

A turma ficou conhecida como a “Equipe Bagaceira”. O nome, que parecia carregar certo desleixo, na verdade era símbolo de liberdade e de um modo único de aproveitar a vida. Não havia festa em Pernambuco onde não chegassem — fosse de carro, ônibus, carona ou mesmo “no susto”. E onde chegavam, marcavam. Não pelo excesso, mas pela presença. As roupas simples, o sotaque carregado do interior, a camaradagem com desconhecidos, o respeito pelos amigos e o dom de transformar qualquer canto num espaço de convivência. Era um tempo sem celular, mas com endereço certo nos corações que cruzavam pelo caminho.

A Bagaceira não era apenas um grupo: era quase um movimento informal, um elo feito de música alta, conversas longas e noites que viravam manhãs. A cada nova festa, a cada novo município visitado, era como se a juventude se renovasse. Alguns eram irmãos de sangue, como Edney e Edmar. Outros, irmãos de vida, como Bruno, Ricardo e os Ricardos — sim, porque tinha mais de um. E tinha Niltinho, Jansen, Nil, Geovani, Kedson, Breno, Kaká, Galo Cego, Joselito, Zé Rodrigues, Dagata, Rafael, Jason, Franklin, Walter... nomes que ecoam como versos de uma canção que o tempo se recusa a silenciar.

As tardes eram sagradas no bar de Rubão, que Deus o tenha, onde o tempo parecia desacelerar e a vida ganhava outro sabor entre uma cerveja e outra. Era lá que a resenha esquentava, os planos para a noite se formavam e as histórias mais improváveis surgiam, quase sempre verdadeiras, quase sempre hilárias. Rubão era mais que dono de bar — era confidente, conselheiro, parte da gangue mesmo sem sair de trás do balcão.

Com o passar dos anos, vieram os compromissos, os casamentos, os filhos e as perdas. Alguns dos integrantes já se foram, deixando apenas a memória e a saudade que aperta no peito em dias nublados. Outros se aquietaram, como quem entende que a vida é feita de ciclos. Mas há também os que ainda batem o pé no chão quando o piseiro começa, que ainda vestem a camisa da irreverência e mantêm aceso o espírito da Bagaceira.

O tempo passou, e o espelho já não reflete os mesmos rostos lisos. Mas os olhos, ah... os olhos ainda brilham quando se fala daquele tempo. Porque quem viveu, viveu. Quem não viveu, não entende. E quem não viveu, talvez nunca saiba como era bom ser jovem, livre e destemido nas noites quentes de Garanhuns e nas madrugadas elétricas do interior de Pernambuco. É isso, éramos assim!

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