quarta-feira, 20 de agosto de 2025

DIRETÓRIO DO MDB DE GRAVATÁ NEGA FILIAÇÃO DE WALDEMAR BORGES E COLOCA EM XEQUE ESTRATÉGIA DA OPOSIÇÃO NA ALEPE


A política pernambucana foi surpreendida nesta semana com um impasse que promete ganhar novos capítulos nos tribunais e dentro do próprio MDB. O diretório municipal do partido em Gravatá divulgou nota oficial assegurando que a filiação do deputado estadual Waldemar Borges, anunciada em um ato político na capital ao lado do presidente estadual Raul Henry, jamais ocorreu de forma válida. A declaração ganhou peso porque, de acordo com a legislação e com o regimento interno da legenda, todo filiado precisa registrar o pedido no diretório da cidade em que possui domicílio eleitoral, o que no caso do parlamentar é justamente Gravatá.

A ausência desse trâmite burocrático abre margem para contestação e torna a movimentação política ainda mais delicada. Borges, que até então integrava os quadros do PSB, foi apresentado como novo nome do MDB em um gesto que buscava reforçar a oposição ao governo Raquel Lyra na Assembleia Legislativa. Porém, a posição do MDB de Gravatá coloca em dúvida a legalidade do processo e fragiliza a narrativa construída pela oposição, que tentava demonstrar força com a chegada de um deputado experiente aos seus quadros.

Segundo membros do diretório municipal, não houve qualquer comunicação oficial sobre a adesão de Borges, o que inviabiliza sua regularização nos sistemas partidários. Esse detalhe técnico, aparentemente simples, pode anular completamente a filiação e gerar embaraços não apenas ao deputado, mas também ao próprio comando estadual do MDB, que agora precisa justificar como um ato público foi realizado sem cumprir as regras internas previstas.

O caso revela ainda a tensão entre as instâncias do partido, já que o diretório estadual teria conduzido a negociação sem observar o papel do núcleo local, responsável direto por validar a entrada de novos filiados domiciliados no município. Na prática, se confirmada a nulidade, Waldemar Borges continuaria vinculado ao PSB, retirando da oposição a principal vitória que vinha sendo propagada nos últimos dias.

Juristas consultados avaliam que a situação pode ser levada à Justiça Eleitoral, já que a filiação partidária é requisito fundamental para o exercício do mandato e para a definição das bancadas dentro da Alepe. A ausência de registro em Gravatá abre precedente para questionamentos não apenas de adversários políticos, mas também do próprio Ministério Público Eleitoral.

O episódio coloca em xeque a habilidade de articulação da oposição e expõe a fragilidade de um movimento que pretendia alterar o equilíbrio de forças no Legislativo pernambucano. Enquanto o MDB estadual celebrava a filiação, o diretório municipal a desmentia, criando um cenário de incerteza que repercute diretamente no tabuleiro político da Alepe e nas movimentações partidárias às vésperas de novas disputas eleitorais.

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