quinta-feira, 7 de agosto de 2025

GRUPO PERNAMBUCANO SAGRAMA CELEBRA 30 ANOS COMO UM DOS MAIS LONGEVOS DO PAÍS

Autores da trilha de “O auto da Compadecida” reúnem poesia e música no Teatro do Parque

Cravar uma música instrumental no imaginário coletivo é um feito dificílimo conquistado com maestria pelo grupo pernambucano SaGRAMA. Donos dos acordes responsáveis por embalar as trapalhadas dos personagens Chicó e João Grilo, de “O auto da Compadecida”, nos cinemas, os artistas celebram o notável feito de três décadas em atividade com duas apresentações do show “SaGRAMA 30 anos: Poesia e Música” no Teatro do Parque, nos dias 16 e 17 de agosto. Os ingressos já estão à venda. 

O SaGRAMA já tocou com mais de 100 artistas e, para as noites em clima festivo, eles contarão com as participações especiais de Petrúcio Amorim, Jessier Quirino, Beto Hortis, Sarah Leandro e Laila Campelo, instrumentistas e cantores com os quais nutrem relação de admiração e afeto. Cada um terá seu momento individual com o grupo e, ao fim, todos poderão celebrar juntos ao som de um pot-pourri de composições de Petrúcio. 

A força melódica das composições do SaGRAMA são sedimentadas no diálogo musical entre as raízes da música tradicional brasileira e o espírito acadêmico da música erudita. “Nós usamos elementos rítmicos regionais, estudamos as estruturas dessa música e fazemos uma leitura própria, com uma linguagem musical mais elaborada. A gente consegue mesclar instrumentos eruditos, nossas composições têm essa mistura e a formação dos integrantes também”, explica Sérgio Campelo, diretor artístico e idealizador.

O repertório da comemoração organizada por Manuela Vieira, com produção de Carla Navarro, foi escolhido com o cuidado de equilibrar tradição e novidade. Não podem faltar as canções responsáveis por catapultar o grupo nacionalmente em 1999, quando compuseram a trilha sonora original de “O auto da Compadecida” a pedido da produção do filme, que ouviu o primeiro álbum do SaGRAMA, homônimo de 1998, e encomendou outras peças.

As marcantes “Presepada” e “Rói-couro” serão intercaladas a outras faixas dos dez álbuns lançados, com os quais angariaram fãs, arrancaram elogios e arremataram prêmios e indicações. Haverá peças menos contempladas, como “Mutalambô” e “Tábua de pirulito”, uma homenagem a Luiz Guimarães, o primeiro produtor, e a suíte completa “Aspectos de uma feira”, de Dimas Sedícias, que retrata musicalmente o ambiente vibrante de uma feira típica do interior nordestino. O público ainda terá a oportunidade de ouvir em primeira mão o frevo “Para sempre folião”, composição de Beto Hortis com arranjo de Sérgio Campelo. 

“A trilha de ‘O auto da Compadecida’ realmente é um divisor de águas para a gente. Tínhamos apenas um álbum lançado e, de repente, a gente ficou conhecido no país. Mudou totalmente, a gente saiu de Pernambuco e começou a tocar no Brasil inteiro, dando entrevistas para jornais, programas de TV e rádio”, recorda Sérgio sobre a produção exibida em formato de série e filme.

A repercussão rendeu convites para várias outras trilhas sonoras, a exemplo do filme "O Brasil Império na TV" e dos espetáculos "A ver estrelas", "Fernando e Isaura", "Quem tem, tem medo" e "O cavalinho azul", além de receberem convites de maestros como Edson Rodrigues e Clóvis Pereira para acompanhar na gravação de peças deles. 

De lá para cá, foram 10 discos gravados, apresentações na maioria dos estados brasileiros, shows internacionais, prêmios e indicações, como o Prêmio AESO de Cultura Pernambucana, o troféu de Melhor Álbum na categoria Regional do 27º Prêmio da Música Brasileira, com “Cordas, Gonzaga e Afins”, junto a Elba Ramalho” e a indicação ao Grammy Latino 2016, como Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileira. 

Além da paraibana, já dividiram o palco com Alceu Valença, Naná Vasconcellos, Yamandu Costa, Nação Zumbi, Hamilton de Holanda, Wagner Tiso, Marcelo Jeneci, Maestro Spok, Antônio Nóbrega, Silvério Pessoa, Quinteto Violado, Marcelo Caldi, Santana, Maciel Melo, Gonzaga Leal, Getúlio Cavalcanti, Martins, Isadora Melo, Rafael Marques, Nena Queiroga, Charles Theone, Cristina Amaral, Orquestra de Câmara de Pernambuco e vários outros. 

Criado por professores e alunos do Conservatório Pernambucano de Música em agosto de 1995 a partir de uma disciplina de música brasileira erudita de câmara, o grupo inicialmente executava músicas de compositores brasileiros como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos e Radamés Gnattali. A combinação com a música popular ocorreu por influência do compositor Dimas Sedícias, que os estimulou a incorporar folguedos.

O SaGRAMA sempre prezou pela formação com três instrumentistas de sopro, três de corda e três de percussão. Atualmente, são dez, com um reforço na percussão: os fundadores Antônio Barreto (marimba, vibrafone e percussão), Cláudio Moura (viola nordestina, violão e arranjos e codireção) e Sérgio Campelo (flauta, arranjos e direção artística), além de Crisóstomo Santos (clarinete e clarone), Ingrid Guerra (flautas), Aristide Rosa (violão), João Pimenta (contrabaixo acústico), Dannielly Yohanna (percussão), Isaac Souza (percussão) e Tarcísio Resende (percussão). 

“Essa combinação resultou em uma identidade musical tão marcante que se tornou um verdadeiro ‘carimbo’ do grupo: quem ouve, reconhece. Por isso, mesmo com a entrada de novos integrantes ao longo do tempo, manter a formação instrumental tem sido essencial para preservar essa identidade. Alterar essa estrutura significaria perder a essência do que somos - mesmo que as composições e os arranjos seguissem o mesmo caminho”, avalia Cláudio Moura. 

A força do SaGRAMA está, também, na permanência de uma textura sonora tão original, cuidadosamente cerzida nestas três décadas e comemorada entre acordes e amigos. “A gente imaginou uma série de eventos e também produções para celebrar essa trajetória que culmina com estas duas apresentações", conta Manuela Vieira sobre a celebração, que começou com o show “Na trilha dos 30”, em novembro, contou com uma prévia de carnaval e ainda terá uma biografia e um minidocumentário. 

SERVIÇO

Show "SaGRAMA 30 anos: Poesia e música", do SaGRAMA, com participações de Petrúcio Amorim, Jessier Quirino, Beto Hortis, Sarah Leandro e Laila Campelo

Quando: 16, às 19h30, e 17 de agosto, às 17h

Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista)

Quanto: R$ 120

Informações: www.instagram.com/sagrama.oficial

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