No discurso, Michelle afirmou que Lula “não é macho para assumir as suas falas”, criticando o presidente por supostamente evitar responsabilidade por suas declarações e atos. Segundo ela, o petista estaria promovendo uma política que coloca em risco os recursos nacionais, ao “mandar nossas riquezas para fora” e formar alianças com comunistas e ditadores, uma denúncia que ecoa uma visão ideológica bastante crítica sobre as relações externas do Brasil sob a gestão atual. Michelle Bolsonaro usou o espaço para reafirmar a resistência de seu grupo político, declarando que a “semente” bolsonarista já está plantada “no coração do povo”, uma fala com claro tom de pré-campanha e sinalização de maior engajamento futuro.
Durante o ato, a ex-primeira-dama denunciou o que chamou de “perseguição” às liberdades civis no país, com foco especial na liberdade de expressão e na liberdade religiosa. Ela afirmou que esses direitos estariam sendo ameaçados, cenário que justifica, segundo ela, a mobilização política que visa proteger esses valores. Além disso, Michelle Bolsonaro criticou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF), trazendo à tona a polêmica em torno do ministro Alexandre de Moraes. Segundo a ex-primeira-dama, o PT mudou seu posicionamento a respeito do magistrado: enquanto inicialmente se opunha à sua indicação, feita durante o governo de Michel Temer, atualmente o partido o vê como um aliado, fato que ela apontou como incoerente e criticável.
A escolha de Michelle Bolsonaro em participar do ato em Belém, e não do evento principal organizado na Avenida Paulista, em São Paulo, gerou desconforto em parte do entorno bolsonarista. Conforme apurado, alguns aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro consideraram que a decisão foi um erro estratégico, uma vez que Michelle é vista como uma das principais figuras capazes de manter e ampliar a base eleitoral do ex-mandatário, que atualmente enfrenta inelegibilidade por oito anos e responde a processos no STF, inclusive por suposta liderança de tentativa de golpe de Estado em 2022. A assessoria da ex-primeira-dama explicou que sua presença na capital paraense foi motivada por um compromisso já agendado em Marabá, também no Pará, onde participou de um evento do PL Mulher antes de se deslocar para Belém.
O ato em Belém fez parte de uma mobilização mais ampla, organizada por parlamentares ligados ao bolsonarismo sob o lema “Reaja, Brasil”. Essa mobilização contou com manifestações em várias capitais e municípios do interior do país, buscando demonstrar insatisfação com o governo Lula e com decisões do Judiciário que afetam aliados do ex-presidente. A principal concentração das manifestações ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo, embora Bolsonaro não tenha comparecido, cumprindo medidas cautelares impostas pelo STF, que incluem restrição para sair de casa durante os fins de semana. A ausência do ex-presidente não diminuiu a repercussão dos atos, que seguem como espaço de resistência política para seus apoiadores. Em meio a esse cenário, Michelle Bolsonaro sinaliza a intenção de se colocar como protagonista, ampliando seu papel e sua voz no embate político que marca o atual momento do país.
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