Josafá Almeida, presidente estadual do PRD e prefeito de São Caetano, afirmou que ainda não foi formalmente notificado sobre a determinação judicial, mas disse ter conhecimento da decisão pela imprensa. Segundo ele, a prerrogativa de indicar o líder da bancada do PRD é da Executiva Estadual do partido, e não de decisões individuais. "Quando a gente manda o ofício para a Assembleia Legislativa, é assumido pela Executiva. Se há empate, a decisão é da Executiva. A prerrogativa é da Executiva. Desconheço que tenha de haver votação. Matuto enviou o ofício para ser líder", destacou Josafá Almeida.
O dirigente explicou que Júnior Matuto enviou o ofício comunicando que assumiria a liderança e que ele acatou a decisão. Josafá também mencionou que o deputado havia deixado o PSB, assinou a ficha de filiação ao PRD no dia 14 de agosto, teve a filiação abonada no dia 15 e, no dia 18, foi inserido no sistema do Tribunal Superior Eleitoral. A formalização do ingresso de Matuto ao PRD e a comunicação sobre a liderança levantaram questionamentos internos sobre a condução do processo pelo diretório estadual.
Do outro lado, Joãozinho Tenório classificou como "um absurdo" sua substituição na liderança da bancada sem que tivesse sido informado ou consultado. O parlamentar ressaltou que não recebeu nenhuma convocação para a reunião do partido que determinou sua saída e criticou a forma como o procedimento foi conduzido. Segundo ele, a escolha do líder segue normas claras estabelecidas pelo estatuto partidário. Joãozinho enfatizou que a troca gerou um desequilíbrio interno, pois colocou um deputado da base governista e outro da oposição à frente da liderança, situação que provocou repercussões na composição política do partido dentro da ALEPE.
A entrada de Júnior Matuto como líder do PRD na última segunda-feira alterou a posição do partido, retirando-o do chamado blocão governista, o que, na prática, impactou diretamente a formação de maiorias dentro da Assembleia. Entre os efeitos imediatos, está a inviabilização da instalação da CPI da publicidade, que agora encontra-se bloqueada por decisão judicial. O episódio evidencia não apenas a disputa interna pelo comando da bancada, mas também as consequências estratégicas dessas movimentações no equilíbrio de forças entre governo e oposição.
A decisão judicial que devolveu a liderança a Joãozinho Tenório sinaliza, portanto, uma reversão das manobras promovidas pelo diretório estadual do PRD, levantando debates sobre o papel da Executiva, a observância do estatuto do partido e a condução das lideranças partidárias no âmbito da ALEPE. A situação mantém acesa a discussão sobre prerrogativas, legalidade das nomeações e os impactos políticos das decisões internas sobre o cenário legislativo.
O desdobramento do caso segue acompanhado de perto por parlamentares, membros do partido e observadores da política estadual, evidenciando a tensão entre instâncias partidárias e o poder judiciário. Enquanto Josafá Almeida avalia a possibilidade de recorrer da decisão, Joãozinho Tenório retoma seu posto com respaldo da Justiça, em um contexto que reforça o protagonismo do Legislativo na definição das lideranças partidárias e o equilíbrio político dentro da Assembleia Legislativa.
Júnior Matuto, por sua vez, deixa a liderança da bancada, e o episódio expõe a complexidade das relações internas do PRD, marcada por disputas de influência, articulações estratégicas e alinhamentos que afetam diretamente a condução de processos legislativos importantes, incluindo CPIs e votações de interesse do governo estadual e da oposição. O impasse revela a fragilidade e a importância de protocolos formais na escolha de líderes partidários e o peso de cada decisão no cenário político local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário