segunda-feira, 18 de agosto de 2025

SUSPENSÃO DE OBRA HABITACIONAL EM BOA VIAGEM ACIRRA CONFLITO ENTRE JOÃO CAMPOS E RAQUEL LYRA

A suspensão da derrubada de árvores em Boa Viagem, no último sábado (16), transformou-se em mais um episódio do embate político entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e a governadora Raquel Lyra (PSD). A ação, conduzida por fiscais da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) com apoio da Polícia Ambiental, resultou no embargo imediato da obra dos habitacionais Vila Aeronáutica I e II, além de uma multa de aproximadamente R$ 500 mil aplicada contra a Prefeitura. O caso, que movimentou redes sociais e dividiu opiniões, reforça a rivalidade entre os dois grupos políticos, que já se preparam para uma disputa direta pelo governo do Estado em 2026.

Segundo a CPRH, o município apresentou apenas autorização própria, sem a licença estadual exigida para o corte de árvores de médio e grande porte. A irregularidade levou à apreensão de equipamentos utilizados no canteiro de obras, o que paralisou temporariamente a execução do projeto. O secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Coelho (PSD), gravou um vídeo explicando que a decisão não foi contra a construção de moradias populares, mas pelo cumprimento da legislação ambiental. Ele destacou que, em apenas um dos terrenos, havia a documentação correta, enquanto nos demais não foi constatada licença estadual válida. Coelho ainda afirmou que a medida foi motivada por denúncias de moradores que temiam a derrubada de árvores antigas, algumas delas com décadas de existência.

Poucas horas depois, a Prefeitura reagiu com um vídeo do secretário municipal de Habitação, Felipe Cury, que acusou o governo estadual de tentar inviabilizar um projeto de grande impacto social. Ele lembrou que o terreno de 25 mil m², localizado na Rua 20 de Janeiro e antes ocupado por militares da Aeronáutica, foi transferido ao município como parte da quitação de uma dívida da União. O projeto habitacional prevê 528 apartamentos, com investimento de cerca de R$ 90 milhões, incluindo R$ 1 milhão de contrapartida municipal, e deve beneficiar aproximadamente 2,6 mil pessoas que vivem em condições precárias na própria região.

Felipe Cury assegurou que a Prefeitura possui autorização para erradicar 130 árvores, com o compromisso de replantar o dobro dessa quantidade, garantindo compensação ambiental. Em tom político, ele afirmou que quem se diz defensor do meio ambiente estaria, na prática, contra o direito de famílias viverem em Boa Viagem. O secretário defendeu que a iniciativa é uma das maiores obras habitacionais já lançadas no Recife e exaltou a coragem do prefeito João Campos em transformar um terreno abandonado em um espaço de moradia digna. Mesmo com o embargo, Cury afirmou que a obra segue “moendo” e não irá parar, reforçando a disposição da gestão municipal de manter o cronograma e entregar os apartamentos à população.

Nenhum comentário: